Um estudo divulgado pela agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO) nesta quarta-feira, 11 de maio, revelou que um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado.
A pesquisa, feita pelo Instituto Sueco de Alimentos e Biotecnologia (SIK) entre agosto de 2010 e janeiro deste ano, revelou que 1,3 bilhão de toneladas de alimento é jogado fora todos os anos, uma quantia equivalente a mais da metade de toda a colheita de grãos no mundo.
Ainda segundo o estudo, a quantidade de desperdício é semelhante entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. São 670 milhões de toneladas por ano nos países ricos e 630 milhões nos países em desenvolvimento.
O que difere os dois grupos é a maneira como a comida é desperdiçada. Enquanto nos países mais pobres ou em desenvolvimento cerca de 40% da comida é perdida durante o processo de produção e transporte, nas nações ricas mais de 40% das perdas ocorrem nas vendas no varejo e após a compra pelo consumidor.
Além de jogarem fora comida em perfeito estado de conservação e dentro do prazo de validade, os moradores de países desenvolvidos lideram a lista de desperdício per capta. Segundo os dados da FAO, na Europa e América do Norte a média de desperdício de alimento por pessoa varia entre 95 e 115 quilos por ano, já na África Sibsaariana, na Ásia Meridional e no Sudeste Asiático esse índice cai para seis a 11 quilos.
Ainda segundo o documento, a quantidade total de alimentos desperdiçados nos países industrializados apenas pelos consumidores (222 milhões de toneladas) é quase equivalente à quantidade total de alimentos produzidos na África Subsaariana (230 milhões de toneladas).
"Reduzir as perdas pode significar um impacto imediato e significativo nos meios de subsistência e na segurança alimentar", aponta o informe, que diferenciou “perdas” de “desperdício” de alimentos. Além dos impactos sociais, o relatório alerta para os riscos ambientais dessa perda.
“Isso invariavelmente significa que grande parte dos recursos empregados na produção de alimentos é usada em vão, e que os gases que provocam o efeito estufa causados pela produção de alimentos que é perdido ou desperdiçado também são emissões em vão” – FAO
Para reduzir esses índices, os especialistas ofereceram algumas propostas, como rever as normas de qualidade que dão excessiva importância à aparência dos alimentos, além de reforçar a educação nas escolas e apoiar iniciativas políticas para mudar a atitude dos consumidores.
Má gestão e corrupção aumentam desperdício no Brasil
Uma reportagem feita pelo programa Fantástico e exibida no domingo, 8 de maio, denunciou a péssima qualidade da merenda em escolas públicas de todo o país. Comida estragada, vencida, armazenada sem nenhum cuidado e intragável foi mostrada na matéria.
No vídeo foi possível ver situações como sapo ao lado da comida, foco de baratas no armário da merenda, armazenamento em banheiro, comida mofada, macarrão com bicho, arroz cheio de insetos, esgoto passando pela cozinha, charque sem data de validade e formigas entre os sacos de comida.
De acordo com a reportagem, o problema não se resume à falta de alimento ou de verba para garantir uma alimentação adequada para as crianças. Má gestão, desvio de verbas públicas e diversos casos de corrupção envolvendo os responsáveis pelas merendas foram denunciados pela matéria.
Como consequência, as merendas de má qualidade e péssimo gosto estão sendo recusadas por muitas crianças, que não conseguem comê-las a acabam aumentando ainda mais o desperdício. Em um dos colégios exibido na reportagem, o diretor conta que a merenda jogada fora daria para alimentar mais de 100 crianças.
As autoridades exibidas na matéria informaram que irão investigar as denúncias e tomar as providências cabíveis para resolver o problema.
Dicas de conservação
Enquanto isso não acontece, é possível ficar atento e tomar algumas medidas simples para evitar o desperdício de alimentos.
Durante a compra: É importante visualizar o prazo de validade de todos os alimentos. Analise as condições das embalagens, como observar se as latas estão amassadas, com ferrugens e sem estufamento. Nos alimentos in natura observe se estão frescos, com aparência adequada, sem amassados, cor específica, textura, brilho e odor.
Armazenamento: Após abrir um produto, coloque-o em outra embalagem limpa e com identificação adequada (nome do produto e data de validade). Armazene-o como indicado na embalagem, coloque sempre os alimentos com data de validade pequena na frente daqueles com data de validade maior e não armazene alimentos crus com os prontos para o consumo.
Preparo: Após o cozimento, os alimentos devem ser mantidos em temperaturas que não favoreçam a multiplicação de bactérias. Para conservá-los quentes devem ser mantidos em uma temperatura de 60ºC, por no máximo 6 horas. Já o resfriamento do alimento preparado deve ser realizado de forma gradual em até duas horas, para que depois possa ser refrigerado.
Organização na geladeira: Alimentos prontos para o consumo ou que já foram cozidos devem ficar nas primeiras prateleiras, na parte de cima da geladeira. Já os alimentos semi-prontos dever ficar nas prateleiras intermediárias. Por fim, os alimentos crus devem ser guardados na parte de baixo do aparelho.
Cuidado com a geladeira: É importante que a geladeira não esteja com excesso de produtos, já que isso pode afetar a capacidade de resfriamento, prejudicar a conservação dos alimentos e causar perdas. Nunca forre as prateleiras da geladeira com plásticos ou toalhas, pois isso dificulta a circulação do ar frio e prejudica o bom funcionamento do aparelho. Coloque os alimentos em recipientes bem fechados e mantenha o refrigerador limpo.