Regiões com grande cobertura vegetal concentram os maiores entre os novos parques que serão criados até 2012
Não há previsão de novas áreas verdes em áreas áridas da cidade, como Brás, Sé, Santa Cecília e República
EDUARDO GERAQUE
EVANDRO SPINELLI
VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO
O programa da Prefeitura de São Paulo que visa atingir cem parques na cidade até 2012 prioriza justamente as regiões onde o verde é bastante presente.
Regiões áridas da cidade, como bairros do centro e da zona leste, vão continuar assim. O clima desértico destes locais não vai mudar.
As áreas verdes de São Paulo estão concentradas nos extremos sul e norte da cidade. Existe ainda um pequeno trecho a leste.
Essas regiões concentram os maiores entre os novos parques que a prefeitura vem construindo desde 2007.
Nestes locais estão sendo feitos cinco novos parques com mais de 1 milhão de metros quadrados de área. Para efeito de comparação, o parque Villa-Lobos, em Alto de Pinheiros (zona oeste), tem 732 mil metros quadrados.
Parte dos novos parques são compensações ambientais exigidas para obras como o trecho sul do Rodoanel e a marginal Tietê.
Por outro lado, não há previsão de criação de áreas verdes, por exemplo, em Santa Cecília, Brás, Sé, Bela Vista e República, distritos que têm menos de 0,5 m2 de cobertura vegetal por habitante, segundo o último levantamento oficial, realizado em 1999.
Dados da prefeitura indicam que quase metade da cidade tem uma relação baixa de área verde por habitante.
No ano passado, a prefeitura gastou R$ 23,5 milhões na construção de parques.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente informou que nas regiões com maior cobertura vegetal é onde há maior potencial de implantação de parques com maior área, mantendo ou recuperando a vegetação em áreas de preservação permanente.
O secretário Eduardo Jorge, no entanto, disse que a intenção é distribuir as áreas verdes por toda a cidade.
Jorge, preferido do prefeito Gilberto Kassab (PSD) para disputar sua sucessão em 2012, citou o exemplo do Grajaú, que não tinha nenhum parque até 2005 e deve ganhar cinco. A área, porém, já é bastante arborizada por ficar no entorno da represa Guarapiranga (zona sul).
"Dentro deste cenário, lanço um desafio", diz Márcia Hirota, diretora de gestão do conhecimento da ONG SOS Mata Atlântica. "Por que não fazer um grande plano de devolver um pouco de verde para bairros da zona leste da cidade?", questiona.