É a primeira vez que se fala oficialmente em prazos para revitalizar região
Preço do terreno no novo bairro vai custar o mesmo valor que em bairros tradicionais como o da Bela Vista
VANESSA CORREA
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
A transformação da cracolândia em Nova Luz vai levar 15 anos. Um terreno no bairro onde hoje se consome drogas à luz do dia vai custar, dentro de cinco anos, o mesmo preço da tradicional Bela Vista.
Cerca de 30% da área construída do bairro será desapropriada e demolida. A região terá prédios novos que irão conviver com imóveis históricos, muitos deles tombados, que serão restaurados e terão um novo uso.
Os dados constam de um relatório elaborado pelo consórcio Nova Luz, contratado pela prefeitura para fazer um plano urbanístico de revitalização da região mais degradada do centro de São Paulo.
O documento, obtido com exclusividade pela Folha, ainda é preliminar, mas já aponta como será o processo de reconstrução da região.
É a primeira vez que se fala em prazos. O prefeito Gilberto Kassab (PSD) sempre se negou a falar no assunto. Ele costuma dizer apenas que "será muito rápido".
Urbanistas, citando como exemplos as áreas portuárias de Barcelona e Buenos Aires, afirmam que a revitalização de um bairro desse tamanho (são 44 quarteirões, 1,2 milhão de m2 de área construída) pode levar décadas.
O projeto prevê cinco fases para o processo de revitalização, de cinco anos cada uma (veja quadro nesta página).
Na primeira etapa serão feitas obras de infraestrutura, como reforma de calçadas, instalação de ciclovias e construção de praças.
Também nessa fase serão construídas moradias populares para cerca de 2.500 pessoas que hoje moram em prédios precários, que serão demolidos ou reformados.
A previsão é que as demolições sejam feitas justamente nos primeiros cinco anos. Quando esse processo for concluído, o metro quadrado de terreno na Luz, que hoje vale cerca de R$ 3.500, deverá custar entre R$ 7.000 e R$ 7.800, o mesmo que em bairros de classe média como Consolação e Bela Vista.
Apartamentos novos na região serão vendidos, de acordo com a previsão do consórcio, por cerca de R$ 3.300 o metro quadrado. É o mesmo de imóveis com mais de 15 anos em bairros como Butantã, Tatuapé e Saúde, segundo pesquisa do Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis).
PRÓXIMOS PASSOS
O relatório final do consórcio será entregue no fim deste mês. O projeto, já com as licenças ambientais aprovadas, fica para agosto.
Depois, a prefeitura abrirá uma licitação para escolher a empresa responsável pelas obras de transformação do bairro. Se tudo correr bem, as primeiras obras devem começar em meados de 2012.