SABATINA FOLHA GILBERTO KASSAB
PREFEITO DE SÂO PAULO DIZ QUE PODE SE ALIAR À PRESIDENTE SE ELA FIZER "UM BOM GOVERNO"; COM NOTA 4,6 EM PESQUISA DATAFOLHA, ELE AFIRMA MERECER 10 PELA "VONTADE DE ACERTAR"
DE SÃO PAULO
O prefeito Gilberto Kassab não descarta apoiar a reeleição de Dilma Rousseff à Presidência em 2014. A afirmação foi feita na sabatina Folha/UOL, na qual o prefeito negou as acusações de uso da máquina na criação do PSD (Partido Social Democrático).
Kassab também negou bate-boca com seu ex-aliado Rodrigo Garcia (DEM) e evitou críticas ao governador Geraldo Alckmin e a Gabriel Chalita (PMDB).
Repetindo resposta de 2007, deu 10 à sua administração, "pelo esforço". A nota média conferida pela população de São Paulo é bem menor: 4,6, segundo pesquisa Datafolha. Leia a seguir trechos da sabatina.
PSD e 2012
[Minha] gestão terá uma candidatura que apoiaremos. Pode ser do PSD ou de qualquer partido aliado. Numa aliança, os partidos se confundem como único partido.
Tenho exteriorizado simpatia por algumas candidaturas. Falta só combinar com os russos porque os candidatos têm se mostrado refratários.
Podemos apoiar um partido que tenha tempo de TV.
Fidelidade partidária
Acredito na fidelidade partidária, mas é normal numa democracia, quando necessária, a mudança de partido.
O PSDB nasceu do PMDB, o PT nasceu do PMDB, e o PSD está nascendo num momento da democracia brasileira em que várias lideranças políticas do país entenderam ser necessária uma nova sigla para acomodações partidárias, mas com pessoas que pensam da mesma forma. O PSD veio para ficar, seu nascimento está acontecendo.
Uso da máquina
Em relação a esses apoios, temos 1,2 milhão de assinaturas. Juridicamente não são suficientes, quem homologa o partido é a Justiça Eleitoral.
Quando se faz arrecadação de assinaturas populares há imperfeições. Passa pela Justiça Eleitoral justamente para barrar essas imperfeições.
Posso afirmar que não é má-fé de dirigentes regionais do partido. Só falta alguém imaginar que um partido, para nascer, vai burlar a lei colocando entre milhares de pessoas duas ou três que morreram. Isso é imperfeição ou inocência de algum militante ou apoiador, mas a Justiça Eleitoral barra.
Dilma
Não posso falar pelo partido porque o partido nem existe, mas não tenho nenhum preconceito com a ideia de apoiar a presidente Dilma [nas eleições de 2014] se ela tiver feito um bom governo.
Nota 10
Eu dou 10 pelo nosso esforço, pela vontade de acertar e pela seriedade dos secretários, pelos exemplos que damos.
Os erros, o tempo dirá se poderíamos ter feito melhor, mas tenho absoluta certeza de que o nosso esforço é muito correto e transparente.
Briga com Rodrigo Garcia
O Rodrigo, todos sabem, é um amigo pessoal que não quis seguir [para o PSD] e foi conveniente que não seguisse, porque tem outra visão do processo político em relação ao ingresso no novo partido.
Apenas fui fazer uma visita a ele, alertando sobre algumas circunstâncias que estão acontecendo, mas foi uma visita cortês, de amigo. Não houve nenhum estresse.
Copa de 2014
Não tem plano B. Nosso plano único é o [estádio do] Corinthians e não temos tempo para nenhuma outra alternativa. Essa é a razão do nosso esforço, do nosso trabalho para procurar ajudar o Corinthians a viabilizar a construção do seu estádio.
Por exemplo, em relação à tramitação do projeto na prefeitura, todos sabem do nosso esforço para que ocorresse da forma mais célere possível porque é o maior evento, a maior festa do mundo.
Transporte
Quem não gostaria de ter uma tarifa mais barata? São Paulo tem a tarifa mais barata do Brasil. Temos aqui percursos longos, em que a pessoa, em até três horas, faz três viagens por R$ 3. Nas cidades da Grande São Paulo, por uma única viagem, a tarifa é R$ 2,90, R$ 2,80.
A questão não é olhar metrô ou ônibus. É olhar qual é o limite do município. Não pode comparar laranja com banana. Portanto, no município de São Paulo temos a tarifa mais baixa do Brasil.
Ciclofaixas e ciclovias
Vamos ter a ciclofaixa uma vez por mês durante a semana. A cidade precisa se acostumar com os ciclistas, não existe esse hábito. Já passamos [a meta] de cem quilômetros de ciclovias e ciclofaixas. Nosso esforço é para aumentar as duas.
Creches
De creches, nós já atingimos nossa meta. Tínhamos 58 mil crianças na fila de creche e eu disse que 58 mil era possível e íamos zerar.
Hoje, nós triplicamos o número de crianças em creches e ainda temos 100 mil na fila. Para haver um esforço de zerar o número de crianças em filas, idealizamos um modelo de não apenas vender um terreno público, mas de converter a venda desse terreno diretamente em creche.
Parcerias na saúde
Existia um movimento no Brasil questionando as parcerias com organizações sociais. O tempo mostrou, com o nosso exemplo em São Paulo, que não são as parcerias que precisam ser questionadas, mas os parceiros.
Dos nossos parceiros aqui temos de ter orgulho. Não teríamos condições de, com nossos quadros, atender a ampliação de nossos equipamentos. São 903 novos equipamentos e programas.
O serviço melhorou e eu sempre cito uma observação do nosso querido José Serra, que dizia que, na saúde, o importante é olhar para trás e podermos dizer que melhorou. E melhorou muito.
Lixo e limpeza pública
Essas imagens que vocês mostraram [de sujeira nas ruas] não têm vinculação com a coleta do lixo, são dos pontos de descarte.
Infelizmente maus brasileiros ainda existem em São Paulo, que, em vez de procurar um ecoponto, fazem o descarte, e isso contribui para que o lixo vá para os bueiros e haja alagamentos. Seria uma leviandade falar [que é culpa do paulistano], mas parte dela é. O paulistano que joga o lixo no chão, o paulistano que coloca o lixo da coleta em horário inadequado. Evidentemente que, se as empresas têm falhas, elas têm de ser punidas.
Drogas
Todos sabem que a sociedade perdeu a batalha contra as drogas. Essa discussão precisa acontecer e pode apontar soluções. Vinda de um ex-presidente [Fernando Henrique Cardoso], é positiva.
Eu sou contra [a descriminalização das drogas] porque entendo que temos ainda a questão do tráfico, que é muito presente no mundo, nos grandes centros.
Metas
É natural que 90% do Plano de Metas não estejam concluídos. Virada Cultural, por exemplo, são quatro. Na infraestrutura, há investimentos previstos somente no último ano. Fizemos muito na saúde e na educação e as pessoas perguntam: "Por que a Marta não fez tanta coisa?"
Cada um faz a sua opção. No nosso caso, tiramos recursos de grandes obras para investir em saúde e educação. Não é sem recursos que se constrói dois hospitais, escolas, que se faz com que os professores em São Paulo tenham, se não o melhor, um dos melhores salários do país.
Acontecendo todas as premissas, receita e não acontecendo interferência na rotina administrativa da cidade, cumprimos essa meta. Mas elas acontecem e você ajusta o plano. No início, com temperatura e pressão normal, aquele era o Plano de Metas.
FOLHA.com
Assista à sabatina
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