DANIEL BRAMATTI
O mapa da miséria revelado recentemente pelo Censo 2010 coloca o Estado de São Paulo em uma situação privilegiada: mais da metade dos municípios paulistas têm, no máximo, 1% de sua população vivendo em extrema pobreza, ou seja, em domicílios com renda média per capita de até R$ 70 por mês.
Estão nessa situação de miséria praticamente erradicada nada menos que 363 dos 645 municípios paulistas, ou 56% do total. Apenas quatro cidades, todas na região do Vale do Ribeira, perto da fronteira com o Paraná, têm mais de 10% de seus moradores vivendo com R$ 70 por mês ou menos – esse valor foi definido recentemente pelo governo como linha oficial para medir o número de miseráveis no País.
Na capital paulista , o índice de miséria atinge apenas 0,9% da população. Em termos proporcionais, é uma taxa praticamente desprezível. Em números absolutos, porém, são 101 mil paulistanos, o equivalente a quase três vezes o número de torcedores que, na última semana, compraram ingressos para ver a final da Libertadores no Estádio do Pacaembu.
Estão na cidade de São Paulo nada menos do que 23% dos 443 mil miseráveis que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) identificou no Estado durante a realização do último Censo, no ano passado.
Ranking paulista
A cidade campeã de miséria, em termos proporcionais, é Itaoca, com 13,7% da população com renda de até R$ 70. Mas é um lugarejo: os miseráveis são apenas 442, segundo o Censo. A capital paulista, apesar de seu índice inferior a 1%, tem 250 vezes mais moradores vivendo na extrema pobreza, de acordo com o levantamento oficial.
Esse número poderia ser menor se a capital não tivesse uma das mais baixas coberturas do Bolsa-Família, o principal programa social do governo federal.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social, o Bolsa-Família é pago a apenas 41% do total de paulistanos que, por seu perfil de renda, se enquadram nos critérios do programa. Nem todos, porém, foram cadastrados pela Prefeitura, fato explorado pela bancada do PT na Câmara Municipal. Em todo o Estado, segundo o ministério, cerca de 320 mil pessoas estão nessa situação.