Cidade tem atualmente 35 mil unidades nas ruas, o que é considerado insuficiente
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO
O paulistano vai tropeçar em lixeiras. É a promessa da prefeitura, que pretende instalar 150 mil novas lixeiras na cidade no ano que vem.
Hoje, São Paulo tem cerca de 35 mil lixeiras nas ruas. Todos os dias, 20 delas tem de ser substituídas, por furto ou depredação, um prejuízo anual de R$ 340 mil. A partir de 2012, a empresa que varre a rua também terá de instalar, limpar e trocar as lixeiras quebradas ou roubadas.
A exigência fará parte de contrato que incluirá a operação dos ecopontos (locais para descarte de entulho), lavagem de ruas após feiras, operação cata-bagulho e limpeza de "pontos viciados" de lixo, bocas de lobo e galerias de águas pluviais.
É uma operação bilionária. Com todos esses serviços, a previsão é que o governo gaste cerca de R$ 58 milhões por mês ou aproximadamente R$ 2,1 bilhões para três anos de contrato.
Entre as obrigações das empresas estará a de que 25% dos garis (40% na Subprefeitura da Sé) trabalhem aos domingos na varrição de grandes vias e entornos de locais de grande concentração de pessoas, como parques e estações de metrô. Hoje, é só de segunda a sábado.
A programação de limpeza de todas as ruas da cidade, incluindo nome e foto do gari responsável, precisará ser divulgada na internet.
Outra inovação é o uso de máquinas de varrição de ruas para serem usadas nas grandes vias, como as marginais e a avenida 23 de Maio.
CHIPS
A cidade sofre com a falta de lixeiras. Em 2005, diz a prefeitura, eram 8.000 lixeiras na cidade. Porém, mesmo com o aumento para 35 mil, o número ainda é insuficiente.
Na av. Paes de Barros, na Mooca (zona leste), por exemplo, são 14 lixeiras nas calçadas dos primeiros 26 quarteirões da via. A Folha identificou pelo menos quatro locais onde há suporte, mas o equipamento foi arrancado ou depredado.
Vanessa Ayako colocou, por conta própria, uma lixeira na frente de sua banca de jornais, recolhida todos os dias quando ela fecha o estabelecimento. "É para ajudar manter a região limpa", diz.
"É muito vandalismo. O pessoal estraga tudo. A prefeitura sempre colocava lixeira no poste, mas acho que eles cansaram de colocar porque tinha o vandalismo", afirma a comerciante.
No dia da visita da Folha, o cesto de lixo em frente à banca estava lotado.
O secretário de Serviços, Dráusio Lúcio Barreto, diz que a cidade já melhorou muito, mas a proposta é que as pessoas "tropecem" nas lixeiras. De acordo com ele, todas as 150 mil lixeiras -equipadas com chips para provar que serão higienizadas a cada 15 dias- terão de ser instaladas até 60 dias após a assinatura dos contratos.