Foto: Airton Goes
Resposta à consulta pública da campanha Você no Parlamento será parte do projeto pedagógico do CIEJA Santo Amaro, que visa não apenas ensinar a ler e escrever, mas à participação cidadã
Airton Goes airton@isps.org.br
“Não adianta o aluno saber ler e escrever e não exercer sua cidadania.” Assim o professor de história Nilton Oliveira explica o motivo que o levou a propor aos alunos da escola em que leciona, o Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos-CIEJA Santo Amaro, a participação de todos na consulta pública da campanha Você no Parlamento.
A ideia de estimular os estudantes a responderem o questionário da consulta e, assim, contribuir para que a população escolha as prioridades para a atuação dos vereadores de São Paulo surgiu, segundo ele, ao ver uma reportagem da TV Globo – uma das empresas que apóiam a consulta pública – sobre o assunto. O passo seguinte foi solicitar 500 formulários, com as perguntas, à Rede Nossa São Paulo e Câmara Municipal – organizações que promovem a campanha Você no Parlamento.
De posse do material e contando com o apoio da direção da escola e de outros professores, Oliveira tem explicado os objetivos e a importância da consulta pública aos alunos, que possuem de 16 a 75 anos e cursam, na forma de supletivo, o Ensino Fundamental II, ou seja, da 5ª à 9ª série.
A reportagem da Rede Nossa São Paulo acompanhou, nesta quarta-feira (6/7), a explicação de Oliveira a um grupo de aproximadamente 80 estudantes que lotavam uma das salas de aula do CIEJA Santo Amaro. “Respondendo a consulta, vocês poderão ajudar o Legislativo e o Executivo a decidir como aplicar melhor os recursos públicos”, exemplificou.
“Trata-se de um exercício de cidadania e o nosso projeto pedagógico diz exatamente isso”, continuou. Como a grande maioria dos estudantes mora na periferia da zona sul de São Paulo, Oliveira relacionou o desenvolvimento econômico experimentado pela região nos últimos anos com a necessidade da população se fazer ouvir pelo poder público. “Somos reconhecidos como consumidores, mas não como cidadãos.”
Ele informou, ainda, que a consulta pode ser respondida no formulário impresso – distribuído ao final da palestra – ou no site http://www.vocenoparlamento.org.br/.
Por fim, o professor utilizou um argumento infalível para estimular qualquer aluno: “Isso [a resposta do questionário durante as férias] valerá como trabalho extraclasse de todas as disciplinas”. Os formulários preenchidos deverão ser devolvidos no retorno às aulas, o que deve ocorrer no dia 26 de julho. “Ao final do processo, vamos juntar um grupo de alunos e levar todos os questionários respondidos à Câmara Municipal”, antecipou.
Além de fazer questão de levar os alunos na entrega do material ao Legislativo paulistano, Oliveira se preocupa com os desdobramentos do processo iniciado. “Vamos acompanhar o resultado e cobrar que a Câmara vote um orçamento de acordo com o que a consulta apontou [de prioridades].”
Embora a “lição de casa” durante as férias fosse responder um questionário, ao final das explicações, a maioria solicitou mais formulários para outras pessoas preencherem. “Estou levando para mim e para minha namorada”, registrou Marcos Paulo Santana da Costa, de 36 anos. A expectativa dele é que os resultados da consulta pública ajudem “os vereadores a entender e a atender as necessidades de cada região da cidade”.
A dona de casa Maria Isabel, de 48 anos, elogiou a iniciativa do professor de divulgar na escola a campanha Você no Parlamento. “É algo educativo e que pode ajudar a melhorar a educação, a segurança e a saúde, que está muito precária”, afirma ela, relacionando alguns dos principais problemas da região em que mora, situada na Subprefeitura da Cidade Ademar.
Diante da recepção da escola e dos estudantes, o professor Nilton Oliveira chegou à conclusão que precisará de mais 500 formulários. “Ainda não conseguimos entregar para todos os alunos e já estamos quase sem material.” A atividade de estímulo à participação dos estudantes do CIEJA Santo Amaro na consulta pública da campanha Você no Parlamento terá continuidade após o retorno das férias.
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