“Kassab quer zerar áreas de alto risco ‘nas próximas semanas’” – Jornal da Tarde

 

Caio Valle

O prefeito Gilberto Kassab (sem partido) reconheceu ontem que ainda há famílias vivendo em áreas de risco muito alto na cidade, como mostrou reportagem do JT, e deu um novo prazo para a remoção delas: “Nas próximas semanas”. Em fevereiro, ele havia estipulado a transferência de todas as pessoas que habitam esses lugares até junho, o que não ocorreu.

De acordo com Kassab, a demora se deve ao “número maior de famílias” identificadas por agentes da Prefeitura do que as 1.132 inicialmente apontadas pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), responsável pela atualização do mapa das áreas de risco da capital. O secretário de Coordenação das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, disse que o conjunto de famílias a serem atendidas soma agora quase 2 mil (leia ao lado).

“Nós temos uma expectativa de que nas próximas semanas esteja concluída a retirada das famílias (que vivem no grau mais alto de risco)”, afirmou Kassab. Ele disse que espera que todas as pessoas sejam retiradas antes da temporada de chuvas, que começa nos últimos meses do ano. Alguns setores terão obras de urbanização para acabar com perigos geológicos, e as famílias poderão viver neles.

As áreas de risco muito alto são encostas de morros e margens de córregos e rios onde a ocorrência de deslizamentos de terra e solapamentos é “muito provável”, segundo o IPT. Esses locais estão mais sujeitos a fatalidades no período chuvoso. Entretanto, semana passada, mesmo sem chuva, duas pessoas morreram soterradas em uma área de risco muito alto no Morro dos Macacos, em Cidade Ademar, zona sul, onde a Prefeitura executava obras.

Três casas vizinhas à área do deslizamento foram demolidas ontem. Um quarto imóvel deverá ser derrubado nos próximos dias, segundo a Defesa Civil. Na semana do acidente, 20 famílias que viviam no Morro dos Macacos foram encaminhadas para um hotel pago pela Prefeitura. Ontem, apenas a diarista Jussara Tavares Perez, de 37 anos, e seus cinco filhos estavam no estabelecimento, em São Bernardo do Campo, no ABC. “Tive que sair da minha casa porque falaram que tem risco de o morro deslizar mais. Ficou perto do trabalho, mas tenho que achar logo uma casa para alugar”, disse.

Quando encontrar o imóvel, Jussara será incluída na lista de pessoas que recebem os R$ 300 do auxílio aluguel. Desde o dia do acidente, 80 famílias da região passaram a ter o benefício. A Prefeitura diz que, antes da tragédia, 422 famílias estavam inscritas no programa. Muita gente se recusa a sair de seus casebres em áreas de risco porque acham muito baixo o valor do auxílio-aluguel.

O benefício deve ser pago enquanto as famílias não recebem moradia adequada da Prefeitura. Kassab disse ontem que há “milhares de unidades” habitacionais sendo construídas para moradores de áreas de risco. ::

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