“Estado também paga por Itaquera” – Folha de S.Paulo

 

No dia em que Kassab sanciona lei que concede isenção fiscal ao Corinthians, governo revela que bancará ampliação do estádio para 68 mil lugares

Paulo Favero e Almir Leite – O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO – Corinthians e Odebrecht vão construir, em Itaquera, um estádio para 48 mil pessoas – distante, portanto, dos 68 mil lugares exigidos pela Fifa para que a arena abrigue a cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014.

Isso não significa que a cidade está fora da briga pelo cobiçado evento: o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu bancar, com dinheiro público, a diferença de 20 mil assentos que garantirá ao Estado a organização do primeiro jogo do Mundial.

A revelação foi feita ontem pelo diretor superintendente da empreiteira, Carlos Armando Paschoal. "Isso (a ampliação de 48 mil para 68 mil lugares) não está nos R$ 820 milhões (preço estipulado pela Odebrecht para a obra). Não está no nosso contrato. Será uma obra a ser contratada pelo governo de São Paulo".

Segundo a empresa, o custo da instalação (e posterior remoção) dos assentos adicionais não custará menos de R$ 70 milhões.

Emanuel Fernandes, secretário estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional e coordenador do Comitê Paulista, confirmou o envolvimento do poder público na execução da obra – mas defende que se trata de um "apoio".

"Isso já acontece hoje. Eventos como a Fórmula 1 contam com o apoio logístico das esferas de governo, inclusive com a montagem de estruturas provisórias no autódromo. O mesmo vai ocorrer com a abertura da Copa, pois teremos um grande retorno com a exposição positiva da cidade e do Estado para o mundo inteiro", afirmou.

Para Fernandes, o caráter provisório da estrutura a ser usada em Itaquera justifica a participação financeira do Estado.

"O que o Estado vai fazer é dar apoio logístico ao evento de abertura da Copa e não ao estádio do Corinthians. Após a realização dos jogos, essa estrutura será retirada. Nenhum parafuso ficará com o Corinthians", explicou Fernandes, que disse que o governo estuda alugar a estrutura por "ser mais barato".

Surpreso com a indiscrição de Paschoal, o Corinthians negou a informação. Até ser desmentido pelo próprio governo.

Negativa. O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, sempre foi contrário à construção de um estádio para 68 mil pessoas. Diz dispor de pesquisas que apontam que a ocupação, numa arena deste tamanho, seria bastante difícil.

Além disso, no clube todos entendiam que o custo de se manter um estádio maior era inviável. A solução encontrada para ter o primeiro jogo da Copa foi convencer o governo estadual a completar a soma.

No lado municipal, o prefeito Gilberto Kassab (sem partido) já havia feito o seu papel ao garantir incentivos fiscais de pelo menos R$ 420 milhões para a obra. Com festa, a sanção do prefeito ao projeto foi assinada ontem, no próprio canteiro de obras do estádio corintiano.

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