“Há áreas em que o problema não é recurso, mas organização” – Folha de S.Paulo

 

ANTONIO CARLOS CAMPINO
ESPECIAL PARA A FOLHA

De acordo com o TCM de São Paulo, o total de gastos em saúde na cidade foi, em 2010, de R$ 5.412.474.041, o que corresponde a R$ 481,35 ou US$ 290 por habitante.

Devemos reconhecer que o município está realizando um esforço significativo no setor -gastou em saúde 18,56% das receitas decorrentes de impostos, acima da exigência constitucional de 15%. O município não tem condições de aumentar significativamente esse gasto. Mas é possível otimizar a aplicação dos recursos atualmente alocados em saúde.

Veja-se, por exemplo, a produção das Amas Especialidades no município. Todas as 11 unidades, operadas por meio de OS, realizaram uma média de exames/dia que variava de 10 (Texima Boa Esperança – ultrassom doppler) a 20,2 (Vila Constancia – ultrassom), quando o parâmetro fixado pela Secretaria Municipal de Saúde foi de 24 exames/dia. O TCM atribui a menor utilização a três fatores: alta taxa de absenteísmo, falta de profissionais e ineficiência na disponibilização de vagas para exames de imagem.

O problema da grande espera, segundo o TCM, foi gerado pela falta de médicos (das 35 unidades visitadas, 39% apresentavam escalas de médicos incompletas) e pela falta de equipamentos (40,5% dos equipamentos visitados não passaram por manutenções preventivas). São áreas em que o problema principal não é de recursos, mas de organização.

A resolutividade no sistema de saúde é importante. Não importa apenas que as pessoas sejam atendidas, mas que sejam atendidas com presteza e o problema seja resolvido.

Um caminho de aprimoramento do sistema é o apoio ao Programa de Saúde da Família. As visitas periódicas das equipes de saúde às diversas famílias poderiam auxiliar, por exemplo, na redução da taxa de absenteísmo.

ANTONIO CARLOS CAMPINO é professor de economia da FEA-USP

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