DE SÃO PAULO
Agnaldo Timóteo (PR) se recusou ontem a comentar a carta assinada por ele que faz menções a um suposto esquema de cobrança de propina por parte de seu partido.
"Não vou falar de um assunto dessa gravidade por telefone", disse o vereador, que estava fora de São Paulo e foi contatado pelo celular. "Vocês são muito perversos. A imprensa vive de destruir."
Confrontado com os termos da carta, ele não negou nem confirmou a autoria. "Deixe o Geraldo [de Souza Amorim] falar o que quiser. É um homem inteligente, por isso ficou milionário", afirmou, antes de desligar.
A assessoria do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) disse que ele "desautoriza qualquer pessoa a falar em nome dele ou do partido para entendimentos no âmbito da gestão pública".
O advogado Ailton Vicente de Oliveira, síndico do Condomínio Novo Oriente, que cobra mensalmente R$ 300 dos comerciantes da Feira da Madrugada, nega que a taxa seja usada para pagar propina a políticos.
"Não tenho nenhuma relação com o PR e nunca estive com o Valdemar Costa Neto", afirmou à Folha.
Ele disse que os R$ 300 cobrados mensalmente dos cerca de 4.500 feirantes são usados para custear despesas da própria feira, como funcionários, manutenção e outras benfeitorias, enquanto a prefeitura não decide a destinação final da área.
Há um impasse entre os comerciantes e a prefeitura, que quer instalar ali um shopping popular, cuja licitação está prevista para abril.
Por meio de sua assessoria, a Secretaria de Subprefeituras reiterou os termos da portaria de dezembro de 2010 em que diz que é ilegal a cobrança de qualquer taxa por parte da administração provisória da feira.
A direção do PR paulistano também negou a cobrança de propina da atual e da antiga administradoras da feira de ambulantes que funciona no terreno da antiga RFFSA, empresa que era ligada ao Ministério dos Transportes, comandado pelo partido.
O prefeito Gilberto Kassab não foi encontrado até o fechamento desta edição para confirmar se esteve em reunião com o empresário Geraldo de Souza Amorim, marcada por Agnaldo Timóteo.