Realidade contradiz projeto de 2009, que previa grande vegetação na Nova Marginal
Paulo Saldaña e Renato Machado – O Estado de S.Paulo
A propaganda apresentada pelo governo no lançamento da Nova Marginal, em 2009, indicava que a via não ganharia apenas pistas e pontes. Ela também ficaria mais arborizada e teria vasta vegetação nos canteiros entre as pistas. Bem diferente do cenário atual: até agora, mais de 15 mil árvores previstas na compensação ambiental ainda não foram plantadas e muitas das novas mudas são apenas galhos secos.
Ao todo, o governo do Estado deveria garantir o plantio de 83 mil mudas – ao longo da Marginal, nas áreas das subprefeituras cortadas pela via e também em uma estrada-parque nas várzeas do Tietê. O custo da compensação é de R$ 182 milhões. A Dersa, responsável pela obra, afirma que 67,5 mil já foram plantadas.
No entanto, mais ou menos 13 mil mudas morreram, o que representa quase 20%. Ao longo da via, nos canteiros, é possível ver muitas árvores que não vingaram. Essa situação é verificada desde o início da obra, em 2009, e ambientalistas chegaram a apontar que o plantio não estava respeitando a "cura" – período de um cuidado maior com as mudas para que vingassem.
"É a comprovação das suspeitas que todos tinham antes da obra: o que interessa é inaugurar rapidamente e todo o restante previsto acaba virando firula", disse o urbanista e professor da Universidade de São Paulo (USP) João Sette Whitaker Ferreira. Ele acrescenta que as compensações e intervenções não diretamente ligadas ao funcionamento da obra não são tratadas com a devida seriedade. "São coisas trabalhosas, que não têm retorno de publicidade imediato. Por isso, caem no esquecimento depois da inauguração."
A compensação ambiental é parte importante ainda das exigências feitas pelas autoridades ambientais para obras de grande porte. No caso da Marginal, a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente é quem fez a avaliação do estudo e do relatório da Dersa e emitiu as exigências para a obtenção das licenças ambientais. A última é a licença de operação – teoricamente, um empreendimento não poderia começar a funcionar sem esse documento. A pasta informou que essa licença só será emitida após a conclusão das obras e atendimento de todas as exigências.
Pedestres. As exigências para que a Dersa conseguisse licenças para a obra também previam projetos para melhorar acesso de ciclistas e pedestres, principalmente às pontes, além de melhora das calçadas. A realidade mostra que os pedestres precisam se aventurar na Nova Marginal e não há previsão de melhoria – ainda que haja pontos de ônibus em algumas alças de pontes.
"Quanto à questão das travessias para pedestres e bicicletas, que deverão ser implementadas na Freguesia do Ó, Santos Dumont, Casa Verde e junto ao Parque Villa-Lobos, o empreendedor ainda não apresentou os projetos", informou a Secretaria do Verde.