Ameaçados de despejo, moradores de comunidade procuram apoio na Câmara

 

Subprefeitura do Ipiranga teria argumentado que área situada na Av. Presidente Wilson é contaminada e precisa ser desocupada. Cerca de 230 famílias dizem que não têm para onde ir

Airton Goes airton@isps.org.br

Dezenas de moradores de uma comunidade situada ao lado da Av. Presidente Wilson, na região da Subprefeitura do Ipiranga, lotaram a reunião da Comissão de Defesa de Direitos Humanos, da Câmara Municipal. No encontro, realizado nesta quinta-feira (25/8) na sede do Legislativo paulistano, as famílias denunciaram aos vereadores que estão sendo ameaçadas de desalojamento e não têm para onde ir.

De acordo com as lideranças locais, no início deste mês funcionários da Subprefeitura do Ipiranga foram ao local e induziram parte dos moradores a assinar um documento, concordando com a desocupação da área, sem nenhuma contrapartida por parte do poder público.

A partir de então, a pressão para as famílias deixarem o local só aumentou. “A alegação da subprefeitura é que estamos numa área contaminada”, relatou a líder comunitária Maria Laudelina da Silva, que é conhecida como Nega.
 
André Araujo, o advogado que defende a causa dos moradores, argumentou que a Prefeitura, entretanto, não apresentou nenhum laudo para comprovar que o terreno está contaminado e qual o tipo de contaminação. Ele explica que uma parte da área ocupada pela comunidade é pública e a outra é privada. “Não existe laudo de interdição [para o espaço público], nem pedido de reintegração de posse [por parte do proprietário privado]”, garantiu.

Os moradores querem que a área seja destinada à construção de moradias populares. “São 235 famílias que não têm para onde ir”, protestou Nega. “Querem que a gente saia com uma mão na frente e outra atrás”, completou Ednaldo Caetano da Silva, outra liderança local.

Além da pressão da subprefeitura, os participantes da reunião denunciaram ainda que policiais têm invadido a comunidade e disparado tiros para intimidar as famílias. “Um morador chegou a ser baleado”, afirmou Silva.

O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, vereador Jamil Murad, se comprometeu a marcar reuniões com a Secretaria Estadual de Segurança Pública e a Secretaria Municipal de Habitação para tentar uma solução para os problemas relatados.

De acordo com o parlamentar, a audiência com o secretário da Segurança, Antônio Ferreira Pinto, já está marcada para a tarde desta sexta-feira (26/8). “As denúncias são graves e essas famílias pobres, cheias de crianças, precisam ser protegidas e ter garantia de habitação”, avaliou.

Caso não seja possível conseguir a construção de um conjunto habitacional na área, Murad defende que a Prefeitura conceda aos moradores uma “bolsa-aluguel” e os inclua em um dos programas de construção de moradia. “Outra comunidade, situada no lado oposto (lado par) da Av. Presidente Wilson, conseguiu obter estes dois benefícios, após recorrer à nossa comissão”, lembrou o vereador.

Nenhum representante da Subprefeitura do Ipiranga ou da administração municipal compareceu à reunião, realizada na Câmara.

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