Esta foi a principal conclusão do Seminário RespirAR, promovido pela TV Globo. Governador de São Paulo afirmou, no evento, que metrô e trem são prioridades
Airton Goes airton@isps.org.br
Os palestrantes que participaram do Seminário RespirAR, realizado pela TV Globo nesta quinta-feira (25/8), em São Paulo, concordaram num ponto: para melhorar a qualidade do ar na cidade é preciso investir em transporte público, além de ampliar a participação de modais alternativos, como a bicicleta.
No debate, que relacionou o problema da poluição com a mobilidade urbana, o professor de epidemiologia ambiental da Universidade de Harvard, Douglas Dockery, destacou as consequências da alta concentração de partículas no ar para a saúde humana. “A poluição reduz a expectativa de vida dos paulistanos em três anos e meio”, afirmou. Ele acompanhou por 25 anos pacientes com problemas cardiovasculares.
Outro especialista no assunto, o professor titular de patologia da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, argumentou que a mudança de atitude das pessoas e organizações é fundamental para melhorar a situação da capital paulista. Uma das sugestões do professor é que as empresas estimulem a carona solidária entre seus funcionários. “Não basta reciclar papel e copinhos”, declarou.
Tania Müller, secretária de Meio Ambiente da cidade do México, relatou a experiência da capital mexicana, que tem estimulado a utilização de bicicletas para a locomoção das pessoas. Segundo ela, nos horários de pico, um carro trafega a 12 quilômetros por hora, em média. “Enquanto, a bicicleta, que é um veículo não poluente, anda a 16 quilômetros por hora”, comparou. Além de ser mais rápida nos horários de pico, a bicicleta contribui para reduzir a poluição e melhora a saúde do ciclista, que prática o exercício físico.
A secretária informou que na cidade do México foram criadas ciclovias e cicloestacionamentos. Lá também foi implantado o programa Ecobici, um sistema no qual a pessoa, após pagar uma anuidade, pode alugar diariamente uma bicicleta para trafegar de um ponto a outro da cidade.
Ao final do evento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, reconheceu que “o grande vilão” na questão da qualidade do ar é o trânsito. “Por isso, nossa prioridade para o metrô e o trem, que usam energia elétrica, não poluem e são públicos.”
O prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, por sua vez, lembrou da Lei Cidade Limpa. De acordo com ele, São Paulo já foi considerada uma das metrópoles mais poluídas visualmente. “Em seis meses, porém, passou a ser a [cidade] com menos poluição visual.”
O seminário, que contou com a participação de diversas entidades da sociedade civil, marcou o fim de quase 300 reportagens especiais sobre poluição feitas pela TV Globo desde abril deste ano. A série de matérias e de medições da poluição realizada pela emissora ganhou o nome de RespirAR.
