Esta é uma das conclusões da pesquisa divulgada nesta quarta-feira (21/9) pela Rede Nossa São Paulo e pelo Ibope. Para 55% dos entrevistados, situação do trânsito é “péssima”
Airton Goes airton@isps.org.br
O problema do trânsito em São Paulo vem se agravando ao longo dos anos. Essa é a percepção dos moradores da cidade, segundo a pesquisa divulgada nesta quarta-feira (21/9) pela Rede Nossa São Paulo e pelo Ibope. Para 55% dos entrevistados, a situação atual do trânsito é “péssima”.
Um dos principais motivos para a insatisfação é o tempo médio gasto pelas pessoas nos deslocamentos diário pela cidade, que aumentou em relação à pesquisa anterior. Em 2010, o tempo médio gasto diariamente no trânsito era de 2 horas e 42 minutos. Agora, o resultado foi de 2 horas e 49 minutos.
“É como se as pessoas passassem um mês por ano no trânsito”, comentou Oded Grajew, coordenador da Rede Nossa São Paulo. Ao analisar os dados da pesquisa, ele fez duas observações: “A notícia ruim é que a situação é péssima e notícia boa é que nós sabemos como melhorar”.
Uma das formas de “melhorar”, na visão de Grajew é a cidade ter um Plano Municipal de Mobilidade e Transportes Sustentáveis, que está previsto no Plano Diretor Estratégico da capital paulista desde 2002, mas ainda não foi apresentado pela Prefeitura. “A Câmara Municipal fez o seu papel, aprovou a dotação orçamentária [de R$ 15 milhões] para que o Executivo elaborasse o plano este ano, mas até agora o valor não foi utilizado”, lembrou.
De acordo com os dados da pesquisa, apresentados por Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, a poluição do ar é um problema grave ou muito grave para 9 em cada 10 moradores da cidade. Além disso, 69% dos paulistanos acham que o transporte coletivo deveria ter prioridade dos governos.
A pesquisa “Dia Mundial Sem Carro 2011” ouviu 805 pessoas e tem margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Sua divulgação integra a programação da Semana da Mobilidade em São Paulo.
Veja a apresentação completa da pesquisa
Diversos vereadores participaram do lançamento da pesquisa, realizado na Câmara Municipal de São Paulo. O evento foi aberto pelo presidente da Casa, vereador José Police Neto (PSD), que se disse orgulhoso pelo fato de a Rede Nossa São Paulo ter escolhido o Legislativo paulistano para a atividade. “Os dados poderão ser utilizados para ações efetivas do Parlamento”, avaliou.
Juscelino Gadelha (PSB) reforçou a necessidade de São Paulo ter um Plano de Mobilidade e Transportes Sustentáveis e também cobrou a instalação do Conselho Municipal de Transporte – decisões que dependem da Prefeitura. Quanto aos resultados da pesquisa, ele considerou que “não apresentam surpresas”.
O presidente da Comissão de Transporte da Câmara, vereador Gilson Barreto (PSDB), declarou que o Legislativo paulistano quer saber o que o Executivo pretende fazer para melhorar o trânsito na cidade. Segundo ele, a comissão que preside irá convidar integrantes da administração municipal para explicarem os projetos destinados à área.
Para Claudio Prado (PDT), presidente da Comissão do Idoso e de Assistência Social, a cidade não resolverá o problema do trânsito “enquanto não houver uma descentralização das oportunidades e dos empregos na cidade”. O parlamentar defendeu a necessidade de uma política de governo que leve as empresas para perto de onde estão as moradias dos trabalhadores. “Isso evitaria a necessidade de grande parte dos deslocamentos na cidade."
Na opinião de Jamil Murad (PCdoB), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, a principal recado da pesquisa é “que se construa mais metrô na metrópole e que a malha seja articulada com as linhas de trem e de ônibus”.
Gilberto Natalini (PV) disse que tem feito um grande esforço para colocar o assunto (mobilidade urbana) na pauta da comissão que preside – a de Meio Ambiente. Em sua avaliação, o problema não é apenas do atual prefeito de São Paulo, mas de todos os níveis de governo.
Ao final do evento, o coordenador da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, solicitou aos parlamentares que cobrem da Prefeitura a elaboração do Plano Municipal de Mobilidade e Transportes Sustentáveis, a instalação do Conselho de Transporte e a divulgação dos dados sobre a qualidade dos serviços públicos previstos na Lei 14.173 aprovada há vários anos pela Casa. “A Câmara Municipal tem que ser respeitada. Se ela aprovou a lei [nº 14.173] e os recursos para o plano, essas decisões têm que ser levadas a sério pelo Executivo”, argumentou.
Também estiveram na apresentação da pesquisa os vereadores Aurélio Nomura (PV), Chico Macena (PT), Floriano Pesaro (PSDB) e Roberto Tripoli (PV).
Veja o que saiu na mídia sobre a Pesquisa Dia Mundial Sem Carro 2011