Dados são do “Estado do Mundo 2011”, lançado no Brasil pela parceria do Instituto Akatu com o Worldwatch Institute (WWI)
• Enquanto o planeta desperdiça um terço dos alimentos que produz, 925 milhões de pessoas (cinco vezes a população brasileira) ainda passam fome no mundo;
• Estima-se que 8 milhões de agricultores da África ainda irriguem suas terras usando baldes de água;
• Agricultura propicia trabalho para 1,3 bilhão de pequenos agricultores e trabalhadores sem terra no planeta;
• Agricultura é a principal fonte de subsistência para aproximadamente 85% dos 3 bilhões de pessoas que integram o contingente rural em países em desenvolvimento;
• Pelo menos 800 milhões de pessoas no mundo dependem da agricultura urbana;
• Só na África, se a agricultura se desenvolver, os agricultores podem fixar nas plantações e retirar da atmosfera 50 bilhões de toneladas de CO2;
• Perda pós-colheita é um problema seriíssimo nos países pobres, algumas culturas alcançam perdas de até 50%, enquanto nos ricos, há perdas que não chegam a 0,7%.
Atualmente, as atividades agrícolas são responsáveis por 70% do uso de água e por 15% das emissões de gases de efeito estufa, sendo que os países em desenvolvimento respondem por 75% desse índice. A destruição de 13 milhões de hectares de floresta ano a ano, quase sempre causada por atividades impróprias, representa 11% do total das emissões. A população global hoje está perto de 7 bilhões, e as previsões apontam que, até 2050, o salto terá sido de 35% a 40%. Esse aumento populacional e o crescimento econômico significarão maior e mais premente demanda por alimentos, ração, fibras e consumo de carne. A agricultura tal como a conhecemos hoje está em apuros. Os desafios e incertezas a serem enfrentados exigem uma mudança de paradigma que deve levar em conta a complexidade de “agri” e “cultura”, a intersecção confusa entre lavoura e sistemas humanos, sociais e políticos. A atividade agrícola sustentável requer muito conhecimento, pesquisa e a combinação de inovações com a experiência dos agricultores.
Estas são algumas da conclusões do relatório “Estado do Mundo 2011 – Inovações que Nutrem o Planeta”, livro que o Instituto Akatu e o WWI Brasil (Worldwatch Institute) lançam em parceria hoje (19/10) na versão em português no teatro da Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.
No lançamento participam de debate sobre segurança alimentar e inovações para sustentabilidade no campo, o professor Luiz Carlos Beduschi Filho, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da USP e ex-consultor da FAO/ONU, e o economista e engenheiro José de Anchieta Ribeiro Santos, coordenador da Pastoral da Criança no Estado de São Paulo. Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, e Eduardo Athayde, presidente do WWI no Brasil, fazem a mediação e a apresentação do livro.
O relatório “Estado do Mundo” é produzido há 28 anos consecutivos, em 30 idiomas pela equipe de pesquisadores do WWI, sediado em Washington (EUA). As inovações para manter o homem no meio rural e garantir a sustentabilidade no campo são os temas do relatório de 2011.
A publicação um em cada quatro famintos do planeta vive na África, continente que perdeu valor agregado na agropecuária nos últimos 40 anos, enquanto a média do planeta foi um ganho de 35%.
População, produção e fome no mundo
Fontes: FAO, ONU, Via Campesina, Eric Holt-Giménez, in “From Food Crisis to Food Sovereignty: The Challenge of Social Movements”, Monthly Review, UN HABITAT, UNICEF, Forum for Agricultural Research in Africa, Framework for African Agricultural Productivity (Accra, Gana: junho de 2006).
O relatório destaca ainda o problema das perdas pós-colheita nos países pobres e em desenvolvimento. Em alguns produtos, a perda chega a 50% do volume da produção. Na média de calorias, o valor perdido supera o que chega à mesa.
Fonte: V.Smil, Feeding the World: A Challenge for the Twenty-First Century
(Cambridge, MA: The MIT Press,2001), p. 187.
A expansão da pecuária ainda ameaça – e muito as florestas naturais – além disso os rebanhos são grandes responsáveis pela emissão de gás metano 21 vezes mais potente que o carbono na geração de efeito estufa que provoca o aquecimento global.
Grandes empreendimentos pecuaristas são responsáveis por 65% a 80% do desmatamento da Amazônia. A cada ano, 400 mil a 600 mil hectares da floresta são desmatados para a plantação de lavouras como as de soja, quase sempre para alimentar porcos e aves de criação industrial, mas também para fornecer altas doses de proteína ao gado leiteiro.
O gado contribui com 18% das emissões globais de gases de efeito estufa (25% a 30% do metano e óxido nitroso e 30% a 35% do dióxido de carbono).
Pelo Akatu, patrocinam o “Estado do Mundo 2011” o Banco Itaú, o Instituto Pão de Açúcar, a Unilever Brasil e a Bunge Brasil. Pelo WWI, patrocinam o “Estado do Mundo 2011” a Braskem, a Cetrel e a Caixa Econômica Federal.
Relatório Estado do Mundo 2011 já está disponível na web para ser baixado gratuitamente
Versão em língua portuguesa do livro foi lançada hoje de manhã pela
parceria do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente com o Worldwatch
Institute (WWI) Brasil
Para baixar gratuitamente a publicação completa:
http://www.akatu.org.br/Publicacoes/Relatorios
ou
http://www.worldwatch.org.br/