Especialistas criticam demora para adotar o novo modelo e falhas na fiscalização
Diego Zanchetta, Felipe Frazão e Rodrigo Burgarelli – O Estado de S.Paulo
O novo modelo da varrição promete agregar seis grandes serviços de limpeza pública que hoje estão espalhados em diferentes contratos e órgãos da Prefeitura. São serviços que, quando mal realizados, irritam bastante os paulistanos – a promessa agora, com a centralização, é que ficará mais simples a cobrança da população e da Prefeitura caso haja problemas.
Além da varrição – que será realizada aos domingos em 25% das ruas limpas diariamente -, as empresas terão de instalar e manter 150 mil lixeiras com chip eletrônico contendo histórico de manutenção. Os consórcios também terão de garantir bueiros limpos, postes livres de cartazes, calçadas sem entulho e serviços de "cata bagulho" – hoje feitos pelas subprefeituras.
A maior crítica dos especialistas está, no entanto, na demora da gestão Gilberto Kassab (PSD) em adotar o novo modelo. A expectativa é de que ele seja iniciado em novembro, às vésperas da temporada de chuvas. Em 2009, o prefeito afirmou que o novo sistema impediria que garis jogassem lixo nos bueiros, pois serviços de varrição e limpeza de bocas de lobo seriam unificados. Mas ontem ele evitou comentar se a mudança já vai amenizar enchentes no próximo verão. "Tenho certeza de que o secretário Dráuzio Barreto (de Serviços) está fazendo o melhor possível para que o consórcio vencedor possa corresponder às expectativas", esquivou-se.
A fiscalização também é questionada. Hoje são as próprias empresas que enviam às subprefeituras registros do que fizeram no dia e muitas vezes eles são aprovados sem que nenhum fiscal constate a qualidade da limpeza. Isso não vai mudar. Em cidades europeias, como Milão e Barcelona, o pagamento só ocorre se a rua estiver limpa. "Você pode varrer dez vezes por dia a calçada do Terminal Bandeira que ela continuará suja. Tudo depende da qualidade, não da quantidade", disse Fábio Pierodomenico, ex-diretor da Limpurb.
Também há críticas em relação à concentração dos serviços em apenas dois lotes. "A varrição necessária em Itaquera não é a mesma que em Pinheiros. A divisão deveria ser pelas 31 subprefeituras", afirmou o diretor de uma empresa de coleta que participa da disputa da varrição.