Apesar de acumulado no ano ser 5% menor do que o de 2010, tendência de alta, principalmente no interior, preocupa especialistas
BRUNO PAES MANSO, DANIEL TRIELLI – O Estado de S.Paulo
Depois de quedas sucessivas desde 1999, os homicídios voltaram a crescer 12% no trimestre passado no Estado, em relação ao mesmo período do ano anterior. O aumento foi puxado principalmente pelas cidades da Região Metropolitana, que tiveram crescimento de 36%. A alta foi menor no interior (10%), enquanto a capital continua registrando queda nos assassinatos (-0,7%).
Considerando os nove meses do ano, contudo, tanto o Estado de São Paulo (-5%) quanto a capital paulista (-18,9%) tiveram menos homicídios em comparação com o ano passado. Já a Grande São Paulo (3,3%) e o interior (0,4%) acumulam alta no ano. E a velocidade de queda dos assassinatos na própria capital vem diminuindo – no ano, foram registrados 219 casos no primeiro trimestre, 251 no segundo e 267 no terceiro.
"É preciso identificar os movimentos locais, ocorridos em cada cidade ou bairro, para poder saber o que pode ser a causa dessa mudança nas taxas de homicídios. É difícil fazer uma avaliação a partir dos dados gerais", avalia o professor Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Justiça. Apesar do repique nos dados, a taxa de 9,78 assassinatos por 100 mil habitantes até setembro no Estado continua abaixo do patamar considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como epidemia.
"Já tínhamos identificado mudanças preocupantes na criminalidade da Região Metropolitana. O efetivo policial estava defasado. Tanto que concentramos na região 300 soldados da última formatura da PM", diz o comandante da Polícia Militar, coronel Álvaro Batista Camilo
Ranking. Quando se analisam os registros por delegacias, o 92.º DP (Parque Santo Antônio, na zona sul) foi o que mais registrou homicídios nos primeiros nove meses de 2011. Na sequência, vieram dois distritos da zona sul paulistana – o 37.º DP (Campo Limpo), com 32 casos, e o 47.º DP (Capão Redondo), com 25. Apenas três delegacias não registraram assassinato neste ano: 31.º DP (Vila Carrão) e 57.º DP (Parque da Mooca), na zona leste, e 99.º DP (Campo Grande), na zona sul.
Casos de crimes contra o patrimônio também registraram resultado decepcionante. Nos últimos nove meses, o Estado teve aumento de 4,4% nos latrocínios. No último trimestre, no entanto, a tendência desse tipo de crime se inverteu e houve queda brusca de 30%. A atuação da Força Tática e das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) em locais com maior incidência de roubo seguido de morte é apontada como fator de recuo.
Outros crimes que registram alta no ano no Estado são estupro (6,2%), roubo a banco (20,5%) e furtos (7,8%). Na capital, os sequestros mais que dobraram: foram 10 registrados entre julho e setembro deste ano, seis a mais que os mesmos meses de 2010.
Segundo o comandante da PM, os crimes contra o patrimônio que mais preocupam são os roubos e furtos de veículos, que já acumulam altas de 13,11% e 6,2%, respectivamente. Patrulhamento específico de trânsito e uso de motos têm sido a estratégia da polícia para tentar coibir esse tipo de crime.
Camilo ressalta que, apesar dos números desfavoráveis, a produtividade da polícia paulista continua em alta. O número de prisões subiu 12,29% nos primeiros nove meses do ano, chegando a 17.694 casos.
Trânsito. Outro crime que preocupa a polícia são os casos de homicídio culposo por acidente do trânsito. Cresceram 3,4% nos primeiros nove meses do ano e provocaram a morte de 3.582 pessoas. Lesões corporais por acidentes aumentaram 4,1% e já chegam a 106.984 casos. "Ainda é difícil apontarmos as causas desse crescimento. Há cada vez mais festas de rua e dentro de clubes com consumo elevado de álcool, como os pancadões. Pretendemos reforçar as blitze e chegar a março com redução de 10% nos casos", ressalta o comandante-geral. Na capital, no entanto, as vítimas de acidentes estão diminuindo – 7,6% no total de mortes e 0,8% nas lesões.