Avaliação é da gestão Kassab, que incluiu reformas de estruturas em seu plano de metas para o ano que vem
Apesar de um estudo de 2007 apontar pontos críticos, prefeito decide apenas agora pedir uma avaliação geral de risco
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
A poucos metros da Câmara, um dos centros do poder paulistano, a fissura de 5 cm no viaduto Jacareí ilustra bem uma ameaça crescente: a deterioração das estruturas viárias de concreto da cidade.
A admissão do risco cada vez maior vem da própria gestão Gilberto Kassab (PSD).
No início do mês, o prefeito alterou uma de suas metas na Agenda 2012 -recuperar 30 pontes e viadutos- para retirar 17 locais "menos críticos" e incluir outros cujas intervenções são urgentes.
As obras "furaram a fila", diz a prefeitura, porque houve "agravamento nas estruturas" desses locais.
Na nova lista há muitos locais de tráfego intenso como os viadutos Dona Paulina (Sé), Nove de Julho (República), Santo Amaro (Moema) e Grande São Paulo (Ipiranga).
Os 17 novos locais se juntam a quatro que estão no plano desde 2009, somando 21 pontes e viadutos em estado muito crítico -nenhum tem licitação em andamento.
Anteontem, em um dos locais, a ponte dos Remédios, desabamento de parte da mureta e da calçada interditou a via por cerca de 15 horas.
Com vida útil de 50 anos, as pontes e viadutos, quase todos feitos entre os anos 1950 e 1970, estão no limite.
Além do aumento do tráfego, comprometem as estruturas os choques de caminhões, as deteriorações de vigas e o surgimento de infiltrações.
"É claro que o cidadão corre risco", diz João Alberto Viol, presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva).
Além de redefinir as urgências, a prefeitura abriu concorrência para fazer uma ampla inspeção em todos os viadutos, passarelas, pontes e túneis -são 456 no total.
Apesar das iniciativas do governo, o problema não é novo: estudo de 2007, do Sinaenco e do Instituto de Engenharia, listou 68 locais críticos. O documento gerou um acordo com a Promotoria, que resultou até agora em apenas nove obras feitas.
Segundo a prefeitura, desde 2006 foram investidos R$ 120 milhões em reparos, manutenção e reforço estrutural de 27 locais. Dados com base em inspeção feita pelo Sinaenco e pelo Instituto de Engenharia calcularam em R$ 7,8 bilhões o valor necessário para obras em 2007.