Por Caio do Valle
A cidade de São Paulo vai ganhar um sistema de no-break – espécie de bateria – em 200 cruzamentos para evitar que os semáforos se apaguem com quedas de energia, prejudicando o trânsito. Esse é um problema recorrente no verão, quando temporais e ventos provocam apagões quase diários.
O projeto da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) prevê que os faróis continuem funcionando por, no mínimo, mais quatro horas depois da interrupção elétrica. A estimativa do órgão, no entanto, é de que o primeiro aparelho seja instalado apenas em fevereiro do ano que vem, quando o período de chuvas mais fortes já estiver se aproximando do final.
Avenidas como Brigadeiro Luís Antônio, na região central, Celso Garcia, na zona leste, e República do Líbano, na zona sul, ganharão a novidade. As ruas Teodoro Sampaio e Cardeal Arcoverde, na zona oeste, também serão contempladas. Segundo a CET, esses faróis foram escolhidos porque, quando desligam, “causam maior prejuízo ao trânsito”. A licitação para a compra do material deve sair hoje no Diário Oficial da Cidade.
De acordo com o cronograma, a empresa ou o consórcio vencedor será divulgado em janeiro. O contrato, que não teve o valor informado ontem pela CET, será assinado em seguida. O responsável pela instalação desses aparelhos deverá garantir seu funcionamento por um período de 12 meses. Mais de 1,1 mil semáforos serão servidos pelos no-breaks.
Em média, a CET registra 65 problemas por dia em semáforos da capital nos meses mais secos do ano. O número cresce no período chuvoso – a quantidade, porém, não foi informada pela estatal.
O consultor de engenharia de tráfego Flamínio Fichmann diz que a ideia é razoável, mas deve vir acompanhada de melhor ação preventiva nos semáforos da a cidade. “Não sou contra a medida, mas ela será insuficiente se não for complementada com a melhoria e a maior disponibilidade de recursos para a manutenção dos controladores semafóricos.”
Segundo Fichmann, parte dos semáforos que têm apresentado defeitos durante a época de chuvas fortes não desliga devido a apagões. “Existem problemas de infiltração e queima de placas eletrônicas por falta de manutenção adequada. No-breaks não vão garantir o pleno funcionamento desses semáforos.” Ele diz ainda que 200 é um número pequeno em relação ao total de cruzamentos com faróis existentes na capital.
A CET informou que a cidade tem 6.151 cruzamentos semaforizados, sendo que 4.950 deles são eletrônicos, considerados mais eficientes. Os 531 eletromecânicos, ou seja, menos modernos, já estão sendo substituídos por eletrônicos. A troca deve ser concluída até o mês de janeiro – 523 já haviam sido substituídos até o fim de setembro, segundo a estatal. Os novos equipamentos podem ser controlados à distância, direto das centrais da CET.
