Prefeita em exercício afirma que ele terá tratamento e deixará cidade só se quiser
Proposta é que Estado intermedeie contato com outros municípios para a aproximação com as famílias
VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO
A prefeita em exercício, Alda Marco Antônio (PSD), vai incentivar a volta dos viciados em crack que moram nas ruas de São Paulo a voltar para a cidade de origem.
Segundo Alda, que também é secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, 85% dos usuários de drogas que moram nas ruas da cidade são de outras cidades.
A proposta vem em seguida a outro projeto da prefeitura para tratamento de viciados, no qual o usuário é retirado das ruas e levado para um centro de triagem, onde médicos avaliarão se deve ser determinada sua internação.
Para devolver os viciados a suas cidades, a prefeitura e o Estado já planejam uma parceria -a conversa foi confirmada ontem pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O Estado deve ficar responsável por intermediar o contato entre a secretaria de Assistência Social paulistana e a do outro município, que fará a aproximação com a família do dependente.
CONTRA A VONTADE
A volta, diz Alda, só será feita se a família e o usuário de crack quiserem.
Isso também só ocorrerá depois de um trabalho de recuperação do dependente.
O primeiro passo é descobrir a identidade da pessoa. "A primeira coisa que a pessoa que está na rua esconde é a identidade. Muitas vezes ela não quer que a família o descubra naquela situação."
O dependente será então convidado a ir a uma unidade da prefeitura e, depois, a dormir em albergue.
"Nesse ponto ele está de cabelo cortado, com a roupa limpa. Está já acostumado a uma maneira de dormir, acordar, tomar café, almoçar sentado a uma mesa, jantar, assistir TV", diz. "Só quando ele tem condição, é feita a aproximação com a família."
A secretária garantiu que "nada será feito contra a vontade da pessoa. Se ela evoluir, ficar bem aqui na capital e não quiser voltar, ela vai ficar".
A prefeitura já faz abordagem para que as pessoas retornem às suas cidades.
"A diferença agora é que, enquanto estamos cuidando dela aqui, alguém vai nos ajudar a cuidar da família dela lá. Para que a gente não espalhe o trabalho da capital para outros municípios."
A Folha questionou a secretária sobre o que será feito se a cidade de origem não tiver estrutura para o dependente prosseguir seu tratamento. "Com certeza o governo do Estado terá alguma solução para dar. Porque o Estado tem a secretaria estadual de Desenvolvimento Social."