Apenas 1% da população acha a capital muito segura, ante 89% que a consideram pouco ou nada segura. Ação repressiva pode explicar baixa credibilidade junto à população
Por: Raoni Scandiuzzi, Rede Brasil Atual
São Paulo – A Rede Nossa São Paulo divulgou pesquisa nesta quarta-feira (18) mostrando que 55% dos paulistanos não confiam nas polícias Militar e Civil que atuam na capital paulista. Em relação à Guarda Civil Metropolitana (GCM), a desconfiança é menor, mas ainda alarmante, de acordo com o levantamento realizado pelo Ibope Inteligência: 52% dos moradores não acreditam no trabalho da guarda municipal.
Convidados a participar da apresentação da pesquisa que ainda revelou diversas outras percepções do paulistano referentes à cidade, alguns pré-candidatos à prefeitura municipal comentaram o resultado. As polícias Militar e Civil são vinculadas à Secretaria de Segurança Pública estadual, cuja administração é comandada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), enquanto a GCM é vinculada à prefeitura, atualmente chefiada por Gilberto Kassab (PSD).
A pré-candidata do PPS e ex-vereadora Soninha Francine culpou os governantes pelos índices trazidos pela pesquisa. “A população tem uma desconfiança histórica superjustificada. A polícia já teve uma orientação do governador do estado para ser violenta. (Paulo) Maluf, por exemplo, ele se orgulhava da polícia como uma forma de repressão”, criticou.
Ela ainda ressaltou que “de uns anos para cá, a orientação geral da instituição tem melhorado, o que não significa que não haja imensos problemas na relação da polícia com o cidadão”. Para a ex-vereadora, melhorar os vínculos entre agentes de segurança da base das corporações, especialmente soldados da PM que têm ação mais ostensiva nas ruas, pode ser uma alternativa para se diminuir a desconfiança futuramente.
O levantamento ainda mostrou que, em uma escala de zero a 10, os moradores de São Paulo deram nota 3,9 para a segurança pública na cidade e 4,7 para o atendimento policial. Apenas 1% dos paulistanos consideram a cidade muito segura para se viver, enquanto 54% acham-na pouco segura, e 35%, nada segura. Somando as duas últimas posições (pouco ou nada segura), o percentual alcança 89%.
O pré-candidato do PMDB, deputado federal Gabriel Chalita, deixou um alerta aos órgãos responsáveis. “Esse é um indicador importante para que o governo do estado trabalhe com esses dados e veja que tipo de abordagem a polícia está tendo. Eu não acho que o erro está no policial, o erro está no sistema que não é inteligente”, afirmou.
Aliado a uma ação do governo, Chalita vê a imprensa como fator decisivo para se melhorar os índices. “A imprensa tem um papel fundamental, ao analisar, cortejar dados, mostrar como as pessoas estão sendo atingidas. As mídias sociais vão ajudar muito também, porque dão mais transparências aos dados (sobre criminalidade)”, disse.
Já o pré-candidato do PCdoB, vereador Netinho de Paula, preferiu culpar a insatisfação com a segurança pública pela falta de comunicação eficiente. “Por mais eficaz que a polícia de São Paulo seja, ela tem um grande problema de comunicação, ela não tem tempo para explicar o que está fazendo”, avaliou.
Netinho afirmou que não há como avaliar o treinamento oferecido às forças policiais, mas lembrou que ultimamente os conflitos sociais têm aumentado, portanto a ação da corporação ficou mais evidente. “De certa forma eu não acho que essa desconfiança seja justa. Pode-se observar todo tipo de excesso cometido, mas isso acontece em todos os setores, não só na polícia”, disse.
Além dos três pré-candidatos citados, legendas que ainda não definiram nomes para a disputa, como PV e PSOL, enviaram representantes ao debate. A temporária indefinição no PSDB, que possui formalmente quatro possíveis postulantes para a disputa além do ex-governador José Serra, fez com que o presidente municipal dos tucanos, Julio Semeghini (secretário de Gestão Pública estadual), fosse convidado. No entanto ele não foi nem enviou substituto.
O pré-candidato do PT, o ministro da Educação, Fernando Haddad, já havia se comprometido a participar da divulgação da pesquisa, mas foi orientado pelo Comitê de Ética Pública a não comparecer ao evento enquanto ocupar o cargo de ministro da Educação. Em seu lugar, o presidente municipal da legenda, vereador Antonio Donato, esteve no local em nome do partido.
De acordo com a Lei 14.173, de 2006, a prefeitura deveria dar visibilidade aos indicadores de desempenho relativos à qualidade dos serviços públicos no município, o que vem sendo descumprido pela prefeitura. Kassab e todos os seus secretários foram convidados para o evento, mas nenhum deles compareceu
Para conferir a apresentação dos dados específicos por item da pesquisa, clique aqui.
