Dados revelam a opinião dos paulistanos sobre a metrópole, que teve nota geral de 4,8. Pré-candidatos participaram da divulgação dos números e centraram críticas em Kassab
VIDA URBANA – EDUARDO ZANELATO
A Rede Nossa São Paulo divulgou a edição 2011 da pesquisa Irbem (Índices de Referência de Bem-Estar na Metrópole), conjunto de estatísticas que revelam a opinião dos paulistanos sobre a cidade. O balanço da pesquisa é pessimista em relação aos apontamentos de 2010. Neste ano, a nota geral foi de 4,8 (numa escala de zero a dez, com média 5,5). Em 2009, o índice foi de 4,9 e, em 2010, 5,0. Dos 1512 entrevistados, 57% deixariam a cidade se tivessem oportunidade. Além de perder 0,1 ponto, a satisfação permanece abaixo da média – desde o início da pesquisa, em 2009. Para compor a nota final de qualidade de vida dos paulistanos, a pesquisa, coordenada pelo Ibope, leva em conta 169 aspectos (divididos em 25 grandes temas) da vida urbana. A partir das notas dos 25 grupos, é feita uma média geral, transformada na nota de satisfação.
Líderes de insatisfação
A lista elencou, na ordem: transparência e participação política (3,5), acessibilidade para pessoas com deficiência (3,9); desigualdade social (4,0); políticas para infância e adolescência (4,3); e mobilidade (trânsito e transportes, com nota 4,3).
Líderes de satisfação
Os aspectos que elevam a nota da qualidade de vida na cidade estão ligados a crenças e atividades individuais do paulistano. Na ordem: relações humanas (6,8); religião e espiritualidade (6,4); tecnologia da informação (6,1); trabalho (6,0); e sexualidade (5,7).
Conclusões da pesquisa
A pesquisa deste ano reitera a insatisfação dos paulistanos com a honestidade dos governantes, falta de punição a agentes corruptos e a falta de transparência nos gastos públicos. O serviço de saúde continua sendo um drama do paulistano: na rede pública, leva-se 52 dias para marcar uma consulta com médico especialista, 65 dias para se conseguir um exame – e preocupantes 146 dias para que o cidadão consiga uma cirurgia ou exame de maior complexidade.
O metrô também foi motivo de reclamação – a despeito da inauguração de novas estações. “Quanto mais se inaugura, mais a população sente a necessidade de uma malha melhor”, afirma a Marcia Cavallari, diretora do Ibope Inteligência. Ainda no transporte público, o Irbem 2011 revelou que 70% dos paulistanos andam de ônibus diariamente – e que a espera média no ponto é de 22 minutos. Leia aqui a íntegra da pesquisa.
Mapa das desigualdades
O encontro também serviu para a divulgação do Quadro da Desigualdade em São Paulo. Entre as maiores disparidades apontadas estão a oferta de empregos (o Itaim Bibi concentra quase 8% de todas as vagas da cidade, enquanto Marsilac oferece 0,003%); o índice de homicídios juvenis (0 casos por 100 mil habitantes em Alto de Pinheiros e 17 outros distritos, contra 144,3 casos por 100 mil habitantes em Capela do Socorro); e a oferta de leitos hospitalares (46,06 leitos por mil habitantes, na Consolação, contra 0,04 leitos por mil habitantes na Vila Medeiros). Clique aqui para ver o mapa completo.
Opiniões
Pré-candidatos à Prefeitura foram convidados para opinar sobre a pesquisa e o mapa das desigualdades. Compareceram Gabriel Chalita (PMDB), Soninha Francine (PPS) e Netinho de Paula (PCdoB), além de representantes dos partidos. Psol, PV e PT estavam representados. Todos os candidatos mostraram insatisfação com os números – e aproveitaram para criticar a gestão de Gilberto Kassab. “Temos uma cidade comparada a capitais internacionais, com o metro quadrado mais caro que Nova York e Paris, com uma qualidade de vida extraordinária – e temos uma cidade de invisíveis”, disse Gabriel Chalita. Para Soninha Francine, candidata do PPS, “a percepção do paulistano é determinante [para a definição de políticas públicas]. Só é preciso ver onde a percepção é ou não condizente com a realidade”. Fernando Haddad, do PT, não compareceu ao evento e enviou um representante.