Escrito por Mário Tonocchi
Em uma escala de notas de zero a dez, o paulistano dá 2,9 para a honestidade dos políticos. E só 3,5 para a transparência e participação política em São Paulo, repetindo outros 2,9 para a punição à corrupção. Os dados foram apresentados ontem e constam da terceira edição da pesquisa Indicadores de Referência de Bem-Estar do Município (Irbem) realizada pelo Ibope a pedido da organização não governamental Rede Nossa São Paulo.
As notas vermelhas não vão apenas para os políticos. Para as instituições também. Em porcentagem, 69% dos entrevistados afirmaram que não confiam na Câmara Municipal. Outros 64% desconfiam da prefeitura e 63% não colocam a mão no fogo pelo Tribunal de Contas do Município.
Apesar da nota abaixo da média, a transparência e a honestidade dos políticos subiram minimamente nas pesquisas. A honestidade, segundo Márcia Cavallari, diretora executiva de atendimento e planejamento do Ibope Inteligência, passou de 2,3 (2009) para 2,7 (2010), até chegar aos 2,9 no ano passado. Os resultados, no entanto, de acordo com a diretora, estão dentro da margem de erro, de três pontos para mais ou para menos. "Apesar da evolução, os índices aplicados à transparência e honestidade dos políticos ainda são muito baixos na população de São Paulo", observou Márcia.
Outros itens – A pesquisa Irbem é bem extensa. Foram entrevistados 1.512 moradores da capital, com 16 anos ou mais, entre 25 de novembro e 12 de dezembro de 2011. Está dividida em 25 áreas, com 169 aspectos ou itens avaliados. Trata dos mais variados temas, como sexualidade, aparência, consumo, lazer, saúde, educação, meio ambiente, habitação e trabalho, além de medir o grau de confiança da população nas instituições.
Entre outras avaliações, o levantamento observou que 56% dos entrevistados, se pudessem, mudariam da cidade de São Paulo. No ano passado a porcentagem ficou em 51%. Das 25 áreas, 19 receberam notas abaixo da média, que é 5,5. A nota geral para a qualidade de vida teve leve queda, passando de 5 para 4,9. Acessibilidade para pessoas com deficiência ficou em 3,9; e desigualdade social, em 4.
A pesquisa mostrou ainda crescimento de insegurança na cidade. De 24% que consideravam a cidade nada segura, em 2010, o número passou para 35%, em 2011. De acordo com o levantamento, ainda irrita os paulistanos a espera pelo ônibus (22 minutos) e o tempo dos atendimentos de saúde – 52 dias para a realização de consultas no serviço público, 65 dias para a realização de exames e 146 dias para procedimentos complexos. Os números melhoraram, mas ainda são considerados altos.