“Homicídio cai, mas latrocínios crescem” – Folha de S.Paulo

 

Queda no total de assassinatos foi de 3,05%; outros crimes cresceram, como roubo seguido de morte e furtos

Governo queria que taxa ficasse abaixo de dez casos por 100 mil habitantes; índice em 2011 foi de 10,05
ANDRÉ CARAMANTE
AFONSO BENITES
EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO

O número de homicídios teve uma queda de 3,05% no Estado de São Paulo em 2011, de acordo com dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública divulgados ontem.

Mas os crimes contra o patrimônio, inclusive o latrocínio (roubo seguido de morte), tiveram forte crescimento no ano passado.

Foram 4.189 registros de homicídio no ano, 132 a menos que em 2010, o equivalente a 10,05 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.

A meta ficou perto da do governo Geraldo Alckmin (PSDB), de fechar o ano com menos de dez casos por 100 mil habitantes.

Ao anunciar as estatísticas, Alckmin disse que a meta só não foi atingida porque o Estado teve 62 casos de mortes em acidentes de trânsito que foram registradas como homicídios pelos delegados.

Foram assassinadas 4.398 pessoas em 2011. A diferença ocorre porque há casos em que um único boletim registra a morte de mais de uma pessoa -como chacinas.

LATROCÍNIO

Os latrocínios subiram 20,9% -passaram de 253 casos em 2010 para 306 em 2011.

Outro crime com alta significativa no ano passado foi o roubo de veículos: 15,47% de aumento. Foram roubados 79.190 veículos no Estado no ano passado. Ocorreram, ainda, 105.090 furtos de veículos (quando não há violência ou ameaça). Ou seja, ladrões levaram, em média, 21 carros por hora no Estado.

CRÍTICAS

Renato Sérgio de Lima, secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, elogiou a redução dos homicídios, mas apontou falhas no combate aos crimes de roubo, furto e latrocínio.

"Não houve nenhuma variável econômica ou demográfica que justificasse o aumento desses crimes. Esse aumento tem muito a ver com ações da polícia", disse Lima.

Ele afirma que a taxa de esclarecimento dos crimes é muito baixa no Estado de São Paulo e que os sistemas jurídico e policial são burocráticos, o que aumenta a sensação de insegurança.

"O crime é dinâmico. Mas a polícia não é. Ela precisa se adaptar à realidade."

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