Dados foram apresentados pela Rede Nossa São Paulo e pelo Ibope em evento que contou com a participação de pré-candidatos a prefeito e representantes de partidos
Airton Goes airton@isps.org.br
O Quadro de Desigualdade da cidade e o resultado da nova edição da pesquisa IRBEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município), apresentados no dia 18 de janeiro em evento promovido pela Rede Nossa São Paulo, mostram alguns dos principais desafios para as próximas gestões da capital paulista.
“Tem muitos desafios para os candidatos que irão concorrer [ao cargo de prefeito] este ano”, chegou a afirmar Marcia Cavallari, diretora do Ibope, ao apresentar as conclusões da pesquisa IRBEM. Segundo os dados do levantamento, que ouviu 1.512 moradores com 16 anos ou mais entre os dias 25 de novembro e 12 de dezembro de 2011, o nível de satisfação geral dos paulistanos com a qualidade de vida em São Paulo, que ficou em 4,9, se mantém abaixo da média (5,5).
“Quando observado o conjunto dos 169 aspectos [abordados pela pesquisa], distribuídos em 25 diferentes temas, observa-se que praticamente ¾ [ou 72%] deles são avaliados abaixo da média, assim como nos três anos anteriores”, destacou Marcia.
Veja apresentação da pesquisa IRBEM
O Quadro da Desigualdade em São Paulo, apresentado pelo coordenador da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo, Maurício Broinizi, apontou as diferenças sociais, econômicas e de disponibilidade de equipamentos e serviços públicos entre os distritos e subprefeituras da cidade. Em diversas regiões da periferia, por exemplo, não existem nenhum equipamento esportivo público ou leito hospitalar.
Ao falar sobre os dados, Oded Grajew, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, comparou o problema da desigualdade a um câncer. “É aviltante e uma vergonha para nossa cidade.” Segundo ele, a intenção é que o tema seja o centro do debate neste ano eleitoral.
Veja o Quadro de Desigualdade em São Paulo
Pré-candidatos e representantes de partidos comentam dados
Após a apresentação da pesquisa IRBEM e do Quadro de Desigualdade da cidade, seis pré-candidatos a prefeito de São Paulo e representantes de partidos tiveram 10 minutos cada um para comentar os dados apresentados. Veja alguns dos comentários, por ordem de fala (que foi sorteada):
Gabriel Chalita, pré-candidado a prefeito pelo PMDB:
Quando a gente vê esse quadro (os dados apresentados), temos um sentimento de vergonha. Esperar 52 dias por uma consulta deveria envergonhar qualquer pessoa. E se a média é 52 dias, é porque algumas pessoas devem esperar mais de um ano.
Fico triste em saber que quase seis pessoas, de cada grupo de dez, sairia de São Paulo se pudessem.
Maurício Costa, representante do PSOL (o partido ainda não tem pré-candidato definido):
A classe política, assim como a instituição Prefeitura, está desacreditada.
É preciso repudiar o que está ocorrendo na região da “Cracolândia”, que é tratar as questões sociais como se fossem de segurança.
Proponho que todos os partidos se comprometam a não aceitar verbas (de campanha) de empreiteiras.
Netinho de Paula, pré-candidato a prefeito pelo PCdoB:
Os índices falam por si e demonstram que os homens públicos foram incapazes de atender às expectativas da população.
Quem administrou a cidade não olhou para o povo pobre como deveria.
Temos que traduzir esses números (da pesquisa e do Quadro de Desigualdade) em projetos e ideias para a cidade.
Soninha Francine, pré-candidata a prefeita pelo PPS:
O poder público tem que analisar esses dados de percepção dos cidadãos com muita atenção.
Na segurança pública é onde a percepção das pessoas mais aparece.
Numa mesma subprefeitura você tem variações da realidade (falando sobre o Quadro de Desigualdade da cidade).
Precisamos ter um (novo) Plano Diretor Estratégico e os Planos de Bairro.
Antonio Donato, presidente do Diretório Municipal do PT (o pré-candidato do partido, Fernando Haddad, justificou ausência, informando que consultou o Comitê de Ética Pública e foi aconselhado a não participar do evento, pelo fato de ocupar o cargo de ministro):
A fotografia apresentada pelos dados é preocupante. A cidade não avançou num momento em que o país está avançando.
Uma cidade com 11 milhões de habitantes não pode ser administrada de forma centralizada. Fazer valer a lei que criou as subprefeituras é estratégico para a nossa cidade.
É preciso priorizar o transporte público, como os corredores de ônibus.
Luiz Carlos Bosio, representante do PV (o partido ainda não tem pré-candidato definido)
A Obrigação nossa, como cidadão, como político e como pré-candidato, é trabalhar adequadamente para uma melhor qualidade de vida em nossa cidade.
Temos a necessidade de descentralizar os poderes. A regionalização é fundamental.
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