Conexões Sustentáveis realiza seminário durante o 7º. Congresso do Gife

 

De acordo com os participantes do evento, pesquisa, adesão empresarial e consumidor informado poderão dar sustentabilidade à economia da Amazônia.

Para que a produção de carne, soja e madeira proveniente da Amazônia possa se tornar sustentável, o Brasil precisa avançar no investimento em pesquisa, no comprometimento do maior número possível de empresas e na conscientização dos consumidores dos grandes centros urbanos. Ao lado dos mecanismos governamentais de controle e fiscalização, esse tripé é o que garantirá que os produtos que saem da região representem maior desenvolvimento para os Estados e municípios amazônicos e redução das taxas de desmatamento e degradação ambiental.

Essas são algumas das conclusões de especialistas, empresários e ONGs reunidos nesta quarta-feira (28/3) no seminário da iniciativa Conexões Sustentáveis: São Paulo–Amazônia realizado durante o 7º. Congresso do GIFE, na capital paulista.

A iniciativa foi criada pelo Instituto Ethos, Rede Nossa São Paulo e Fórum Amazônia Sustentável para mobilizar as cadeias de valor dos setores da pecuária, madeira e soja por meio de pactos setoriais para a preservação da floresta e de seus povos. “Em 2012, estamos nos reposicionando em uma agenda positiva para encontrar soluções em conjunto com os signatários dos pactos”, afirmou Tatiana Donato Trevisan, secretária executiva do Conexões Sustentáveis.

Mapeamento

Para o pesquisador Sérgio de Zen, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), a Amazônia é complexa o bastante para não aceitar análises simplistas e, por isso, é preciso investigar profundamente a realidade que envolve a produção de commodities. O professor conduz uma pesquisa no âmbito da iniciativa do Conexões Sustentáveis que deverá desvendar os meandros dos abates clandestinos de gado bovino. O estudo deverá identificar o volume e os locais em que estão sendo abatidos animais fora da inspeção do Serviço de Inspeção Federal (SIF) e os destinos dessa carne, bem como os riscos sociais, ambientais e econômicos que isso representa.

Gestão de fornecedores e compras sustentáveis são outras ferramentas para que a Amazônia possa estar guarnecida contra ações econômicas predatórias, apontaram os especialistas reunidos no seminário. “A sustentabilidade requer informações para análise”, reforçou Franklin Mendes Thame, representante do Serasa. Ele apresentou durante o evento a ferramenta do Serasa chamada “Conformidade Ambiental”, que constitui uma base de dados com informações sobre empresas causadoras de impactos sobre o meio ambiente.

Já o consumidor precisa estar municiado de informações que possam aumentar seu “repertório” de reivindicações e ter instrumentos para escolhas conscientes quando comprar produtos da Amazônia, defendeu, durante o evento, o advogado Estanislau Maria, do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. Segundo ele, o consumidor dos grandes centros está sinalizando para as indústrias que está disposto a adquirir produtos de origem certificada e mais saudáveis. “Os elos da cadeia produtiva precisam começar a se fechar”, disse.

Tatiana Trevisan acredita que o grande desafio para alcançar a sustentabilidade de cadeias produtivas está na corresponsabilidade das empresas pelos impactos em todos os elos da cadeia, bem como na busca por soluções. “As empresas signatárias dos pactos precisam estar em outro patamar da discussão, muito além de apenas buscar a legalidade”, reforça a secretária.

Madeira legal

A sustentabilidade na cadeia produtiva da madeira produzida na Amazônia passará a ser discutida com maior ênfase no âmbito da iniciativa Conexões Sustentáveis a partir deste ano, adiantou Fabíola Zerbini, representante do Forest Stewardship Council (FSC) no debate,. Segundo ela, com a iminência da aprovação do novo Código Florestal – que poderá representar mais desmatamento na Floresta Amazônica – a cadeia produtiva da madeira precisa ser monitorada cada vez melhor pelos organismos da sociedade civil.

Adriana Ramos, secretaria executiva do Fórum Amazônia Sustentável, acredita que a iniciativa Conexões Sustentáveis demonstra que sociedade está se preparando para desmontar o discurso sobre a sustentabilidade e enfrentar os problemas como eles são.

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