Nesta quinta-feira (12/4), realizou-se em São Paulo o seminário “Combate à Devastação Ambiental e Trabalho Escravo na Produção do Carvão Vegetal de Uso Siderúrgico no Brasil”, que teve como objetivo retomar a atenção para a deficiência na governança, fomentar a discussão sobre a responsabilidade e provocar mudanças na cadeia produtiva do carvão vegetal.
O Instituto Ethos, a Rede Nossa São Paulo e o WWF-Brasil, com o apoio da Fundação Avina, apresentaram uma agenda inédita de compromissos e critérios que nortearão um grupo de trabalho para tornar mais sustentável a cadeia produtiva de carvão vegetal siderúrgico. O Grupo de Trabalho para a Sustentabilidade da Produção de Carvão Vegetal de Uso Siderúrgico no Brasil (GT Carvão Sustentável) foi lançado durante o seminário.
Com base na pesquisa Combate à Devastação e ao Trabalho Escravo na Produção do Ferro e do Aço, realizada pela Papel Social, foram promovidas reuniões com as empresas ligadas à cadeia produtiva do aço, o que levou a um acordo inédito no país: produtoras de ferro-gusa, de aço e de minério de ferro se comprometeram, por meio de uma agenda comum, a unir esforços para erradicar a devastação ambiental e o trabalho escravo de suas cadeias produtivas.
O seminário teve a presença da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que ressaltou a importância da transparência no combate ao trabalho escravo e a busca por mais desenvolvimento sustentável, além de lembrar o impacto que o aumento de 50% que o consumo de carvão vegetal teve no país causou nos biomas brasileiros. "Isso fez com que a exploração, que antes era principalmente no Cerrado, se expandisse para outros biomas, como a Amazônia, sobretudo no Pará e no Maranhão. Não tem sentido destruir a biodiversidade para fazer carvão vegetal”, afirmou.
Foram levantadas questões como a importância da transparência nas ações de combate ao trabalho escravo e à devastação ambiental, além da necessidade de ações conjuntas de todo o setor para se atingirem as metas estabelecidas. Segundo Paulo Itacarambi, vice-presidente do Instituto Ethos, há três alternativas para resolver o problema do desmatamento: plantar floresta, fazer o manejo adequado ou diminuir a atividade. “O melhor caminho é produzir florestas com manejo correto da produção, a partir de técnicas que gerem maior produtividade e ofereçam incentivos. É necessário também dar condições decentes de trabalho nesse processo todo, na produção da madeira, do carvão e em toda a cadeia” ressaltou.
Dando corpo ao GT Carvão Sustentável, os membros do acordo atuarão sobre os fatores críticos socioambientais da produção do ferro-gusa com carvão vegetal no Brasil, visando à consolidação de uma cadeia sustentável do aço brasileiro. O processo envolverá produtoras de ferro-gusa, de carvão vegetal, de madeira plantada, mineradoras, indústrias de fabricação ou que utilizem o aço (cadeia compradora), entidades setoriais, organizações da sociedade civil, trabalhadores, diferentes níveis de governo e financiadores.
Este ano o grupo deve desenvolver, entre outras ações, princípios e critérios para a produção sustentável de carvão vegetal, bem como sistemas de rastreamento e de auditoria independentes.
No dia de seu lançamento, o GT já teve a adesão de nove empresas e outras 40 demostraram interesse em aderir. As empresas signatárias são a Atelmig Comercial, a CS Vale Pindaré, a DNA Carvoejamento, a DNA Energética, a Libras Ligas do Brasil, a Mahle Metal Leve, a Rotavi Industrial, a Simasul Siderúrgica e a Vetorial Siderurgia.
Entre os compromissos assumidos pelo GT estão: