Já os furtos de veículos, quando não há ameaça a vítimas, ocorrem mais em bairros paulistanos de classe média
Novo comandante-geral da PM diz que prepara uma força-tarefa a fim de combater esses tipos de crime no Estado
DE SÃO PAULO
Oito dos dez distritos policiais que lideraram os casos de roubos de veículos no mês de março estão em bairros carentes das zonas sul e leste da capital paulista.
Já os furtos de veículos ocorrem em maior número nos bairros nobres da zona oeste, como Lapa, Pinheiros e Perdizes. No roubo há violência ou grave ameaça contra a vítima. No furto, não.
O campeão em roubos de veículos foi o 98º DP (Jardim Míriam), na zona sul, que fica em uma das regiões mais pobres da capital. Lá, no mês de março deste ano, aconteceram 169 casos.
Os outros nove distritos do ranking são todos das zonas sul ou leste. Juntas, essas delegacias registraram 25% dos 4.255 casos da cidade.
No mês passado, segundo dados do governo, os casos de roubos de veículos na capital cresceram 28% em comparação com março de 2011.
A redução dos crimes de roubo e furto de veículos foi eleita como prioridade pelo coronel Roberval França, novo comandante da PM paulista. "É nosso principal fator de insegurança aqui no Estado de São Paulo", afirmou França, em seu primeiro pronunciamento após substituir o coronel Álvaro Camilo no cargo.
Segundo o oficial, estratégias emergenciais serão adotadas. Ele disse que essas medidas serão estruturadas com base em estudos que estão sendo feitos, mas deverão contar com a participação de "outros atores", como a Polícia Civil e as polícias rodoviárias estadual e federal.
Isso porque, segundo ele, parte da frota é levada para fora do Estado e do país.
Ainda segundo o comandante-geral, serão feitos até contatos com as polícias de outros Estados a fim de criar um cerco aos assaltantes.
Utilizando os números do primeiro trimestre, os roubos de veículos estão entre os que mais cresceram entre os crimes divulgados: 21%.
Em números absolutos, nesses três meses foram registrados 21.752 casos de roubo, além dos 27.098 furtos.
Para o oficial, os números absolutos chamam a atenção. Mas, disse ele, há "tendência de estabilidade" se for feita a comparação dos casos em relação à frota e à população.
Nos últimos sete anos, segundo o policial, a frota paulista "mais que dobrou" e é hoje de 22 milhões de veículos.
"Temos no Brasil um desenvolvimento econômico ascendente, com geração de emprego e de renda. Isso faz com que São Paulo se torne um atrativo aos crimes contra o patrimônio", disse França.