Solenidade abre trabalhos da Comissão da Verdade Municipal

 

Fonte: Portal da Câmara Municipal de São Paulo
 
Na solenidade de abertura da Comissão da Verdade do Município de São Paulo, realizada nesta segunda-feira (11) na Câmara, autoridades, perseguidos políticos e familiares de vítimas da Ditadura presentes expressaram seu desejo de que os trabalhos do grupo sirvam para que os crimes não sejam repetidos.
 
“A memória é a única maneira de evitar que essas coisas voltem a acontecer”, acredita o engenheiro Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pelos militares em 1975 no prédio do DOI-CODI, no bairro do Paraíso. Para Ivo, a falta de memória é motivo, entre outros, de o país até hoje não ter eliminado alguns dos males daquela época, como a tortura realizada por agentes do Estado, por exemplo.
 
“É interessante que acabou de sair uma pesquisa que mostra que 47% dos brasileiros acham válida a tortura para obter informação”, lamentou o engenheiro. “Só é possível entender que as pessoas ainda pensem esse tipo de coisa porque elas não conhecem o que é tortura, o que isso significou.”
 
Para o presidente da comissão, o vereador Ítalo Cardoso (PT), os trabalhos do grupo, no começo, devem ser direcionados para juntar as informações obtidas por investigações anteriores — como a realizada pela CPI que em 1990 investigou a origem das ossadas encontradas na chamada “vala de Perus”.
 
“Nós temos todo um conjunto de informações coletadas ao longo dos anos”, declarou o parlamentar. “Tem o relatório da CPI de 90, tem a subcomissão criada aqui para acompanhar o processo de abertura dos arquivos da ditadura. Então nós vamos pegar tudo o que temos agora, mandar para as comissões estadual e federal, já pedindo providências.”
 
Também nesta segunda-feira, a Câmara abrigou a primeira reunião conjunta das Comissões Federal, Estadual e Municipal da Verdade. Cardoso diz que a junção de esforços permitirá uma apuração mais completa, já que grande parte dos casos de desaparecimento ocorreu em São Paulo — mais do que em qualquer outra cidade.
 
A Comissão Municipal foi instalada no mês passado e terá um período de 180 dias para concluir os trabalhos, prazo que poderá ser prorrogado até o fim da atual sessão legislativa, em dezembro.
 
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