Do Rio de Janeiro, Luanda Nera – luanda@isps.org.br
Uma plateia lotada por jovens de várias partes do País e da América Latina assistiu nesta sexta-feira (15) à apresentação do Programa Cidades Sustentáveis durante a Rio + 20. O painel “Agenda da juventude para um projeto de desenvolvimento sustentável” fez parte da programação do Encontro de Juventude e Educação para a Sustentabilidade Socioambiental, promovido pela Secretaria Nacional de Juventude e pelo Conselho Nacional de Juventude, em parceria com o Ministério da Educação.
Alan Borges, representante da superintendência de Juventude do Rio de Janeiro, provocou a plateia ao cobrar o legado da Conferência da ONU e qual o papel dos jovens neste processo: “A mensagem mais lembrada da Eco 92 foi a de uma menina. E na Rio + 20, o que vai ficar para a história?”
Gabriel Azevedo, do Fórum de Gestores Estaduais de Juventude, ressaltou que é preciso foco e prioridade para construir a agenda da juventude para a sustentabilidade no cenário atual. Ele destacou a importância da informação e citou como exemplo o Observatório da Juventude de Minas Gerais: “O site revela quais as áreas mais vulneráveis do Estado. Também informamos, entre outras coisas, onde estão os conselhos de juventude. A melhor política de juventude que um governo pode adotar é abrir seus dados”. Aplaudido pela plateia, Gabriel concluiu: “O governo tem que aprender a se comunicar com a população da mesma forma com que ela se comunica entre si. Informação significa liberdade”.
Representando a União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu afirmou que, antes de focar numa agenda da juventude para a sustentabilidade, é preciso contextualizar o momento em que vivemos, marcado pela crise do neoliberalismo. Segundo ele, essa será a base das discussões durante toda a Rio + 20. Daniel também elogiou a realização dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, que antecede as reuniões com os chefes de Estado, como uma inovação democrática protagonizada pelo governo brasileiro durante uma conferência das Nações Unidas.
Aproveitando o momento pré-eleitoral, Camila Silveira, da Rede de Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (Rejuma), destacou a que é preciso respeitar os espaços de participação política: “Não só o voto tem poder transformador. Precisamos incorporar os conselhos, exercer a democracia participativa”.
Nesse contexto, Maurício Broinizi, coordenador da Rede Nossa São Paulo, apresentou o Programa Cidades Sustentáveis e explicou como as ferramentas propostas podem ajudar a sociedade no controle social, no exercício da cidadania. “Os resultados após a Rio 92 avançaram muito pouco e chegamos à conclusão de que precisamos parar de fazer discursos, promessas vazias. As soluções estão por aí, espalhadas pelo mundo. E o que o Programa está oferecendo a todos os candidatos são referências. Os políticos podem se inspirar nessas políticas públicas que já foram implementadas e já deram certo”, avaliou.
O coordenador da Rede Nossa São Paulo enfatizou que todas as práticas bem-sucedidas servem para construir uma agenda de juventude e sustentabilidade socioambiental. E descreveu a experiência da cidade espanhola de Vitoria-Gasteiz que, por uma série de indicadores que revelam a qualidade de vida da população, foi eleita Capital Verde Europeia 2012. “Esta cidade hoje é referência mundial graças ao planejamento, às políticas públicas que efetivamente atendem aos interesses públicos. E mostra que é possível alcançar indicadores de excelência em qualidade de vida”, completou.
Maurício também lembrou que, hoje, todo brasileiro pode solicitar qualquer informação ao município, ao Estado e ao Governo Federal com base na Lei de Acesso à Informação. “Indicadores servem para dar transparência, e mais do que isso, para ajudar a sociedade a exercer o controle sobre o poder público”, concluiu.