Por Raphael Di Cunto | Valor
SÃO PAULO – O evento da Rede Nossa São Paulo sobre o programa de metas do próximo prefeito da cidade, na manhã desta quinta-feira, deu mostras de como deve ser o tom dos debates eleitorais: todos os candidatos contra a gestão do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD), e seu candidato, o ex-governador José Serra (PSDB), que não compareceu ao encontro.
Kassab também não apareceu. Ele fez um evento paralelo de prestação de contas das metas atingidas — segundo o prefeito, foram cumpridas 81 das 223 metas (36,7% do total), a menos de seis meses do fim do mandato. O debate virou uma rodada de críticas à atual gestão, feitas pelos quatro candidatos que foram ao evento: Carlos Giannazi (PSOL), Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha Francine (PPS).
Para Chalita, a falha de Kassab é ainda mais grave porque, mesmo com recursos em caixa, o prefeito não executou as metas com que se comprometeu. “Se fosse o caso de a prefeitura estar com problemas financeiros, o prefeito até poderia se justificar. Mas ele está com R$ 8,5 bilhões em caixa, guardados, em vez de usar para cumprir o que se propôs a fazer pela cidade”, criticou.
Giannazi foi o mais enfático. Chamou as operações urbanas de “superfaturadas e desnecessárias” e disse que há máfias instaladas na prefeitura, “como a da merenda escolar”. Os ataques sobraram até para os outros candidatos. “Temos nesta eleição caras novas, mas só do ponto de vista da faixa etária, porque seus partidos representam ainda a velha política”, afirmou, ao desafiar os adversários a concorrerem sem doações privadas.
Soninha criticou a dificuldade de encontrar dados sobre os serviços municipais. Relatou uma tentativa malsucedida de buscar informações sobre uma unidade de saúde na zona sul do município, deu exemplos de dados incorretos apresentados pela prefeitura e prometeu tornar mais eficiente o sistema da administração municipal. “Tinha que ser como o Google: informar rapidamente qual o melhor horário e melhor jeito de chegar”, afirmou.
Haddad mirou em Serra. “Na campanha de 2004, o autoproclamado melhor ministro da Saúde do mundo iria resolver o problema da cidade de São Paulo. Pergunte à população qual é o principal problema da cidade. Vão falar primeiro que é saúde, e depois transporte”, afirmou o petista, que cobrou que a cidade volte a produzir “políticas públicas inovadoras”.
(Raphael Di Cunto / Valor)