“Gestão Kassab não cumpre 64% das metas prometidas para São Paulo” – Spresso SP

 

Rede Nossa São Paulo apresenta balanço de plano apresentado em 2008; ausente ao evento, prefeito é criticado por candidatos

Por André Rossi

Gilberto Kassab deixará a prefeitura de São Paulo sem ter cumprido 64% dos objetivos por ele previstos no Plano de Metas – Lei Municipal 14.173 de 2006, incorporada à Lei Orgânica do Município – apresentado no início da sua gestão, em 2008. O balanço foi feito pela Rede Nossa São Paulo e divulgado na manhã desta quinta-feira, 28, no Sesc Consolação, no centro da capital.

Estiveram presentes ao evento os candidatos à prefeitura Carlos Giannazi (PSOL), Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha Francine (PPS). José Serra (PSDB), líder nas pesquisas, não apareceu. Kassab, o prefeito, desmarcou o compromisso em cima da hora.

Gestão Kassab: nem metade das metas atingidas

O diretor da Rede Nossa São Paulo, Mauricio Pereira, apresentou os indicadores e os números finais do balanço. Segundo ele, existem muitos dados que não foram fornecidos pela prefeitura, “apesar da Lei de Acesso à Informação”, instaurada no último mês em âmbito federal. “Essas informações são fundamentais para traçar um diagnóstico preciso da situação da cidade”, apontou.

De acordo com o estudo, os números da saúde são os mais preocupantes. Exemplo: dos três hospitais públicos prometidos pela gestão Kassab, nenhum sequer começou a ser construído. Os processos estão ainda nas etapas de licitação.

As estatísticas também mostram o descaso da atual prefeitura com a educação. A meta de número 12 pretende colocar todas as 62.621 crianças necessitadas em creches: foram colocadas apenas 20.700, o que corresponde a 33% do total.

A questão da mobilidade também foi amplamente exposta. A meta 90 visa implantar 66 km de corredores de ônibus pela capital. Nenhum deles começou a ser construído até agora. O projeto mais avançado, o binário de Santo Amaro, está com edital aberto para inscrição.

Dentre os poucos projetos concluídos, está o que viabiliza a realização de quatro viradas culturais em São Paulo, de 2009 a 2012. Vale lembrar que caem sobre o evento denúncias de fraude nos processos de licitação, denunciadas pelo SPressoSP em maio deste ano.

Candidatos e propostas

Após a apresentação, coube aos candidatos presentes comporem uma mesa debatedora e exporem suas considerações sobre os números apresentados, além de suas ideias para a cidade.

Candidato do PSOL, Carlos Giannazi não poupou críticas à atual gestão. Para o professor, ela “fracassou nas suas políticas sociais” e “está voltada somente para grandes interesses econômicos e imobiliários”. O candidato atacou também a política de ocupação das subprefeituras. “É inconcebível que as 30 subprefeituras sejam administradas por coronéis da reserva da Polícia Militar”, disse.

Fernando Haddad, do PT, falou em seguida. O candidato petista chamou a atenção para o caos que a cidade vive na área da saúde. “Parece piada colocar uma meta como quase cumprida, quando os três hospitais nem saíram do papel”, provocou. Sobre a questão da mobilidade, ele apontou que um de seus objetivos é colocar bicicletas e ônibus como os principais modais de seu projeto. “Vamos colocar a bicicleta incorporada ao bilhete único e construir 300 km de corredores de ônibus na cidade”.

A candidata do PPS, Soninha Francine, atentou para a poluição sonora. “São Paulo precisa de indicadores de ruído, esse é um problema sério”. Sobre o trânsito, ela acha que as intervenções da CET não chegam às periferias, e que “em muitas regiões, os agentes de trânsito precisam ser apresentados à população”.

Por fim, falou o peemedebista Gabriel Chalita, que questionou a quantidade de dinheiro em caixa na prefeitura e ineficiência desta na construção de políticas públicas. “São Paulo tem um PIB de mais de 400 bilhões de reais, e com 8,5 em caixa: este dinheiro está fazendo o que lá parado?”, perguntou.

Onde estavam Serra e Kassab?

A ausência de Serra e Kassab não foi bem vista pelos candidatos presentes ao evento. O mesmo Chalita, por exemplo, disse que se trata de “desprezo com o eleitor”. Já Soninha disse que o debate segue, sem prefeito ou com prefeito. “Ele – Kassab – perdeu a oportunidade de explicar por que as metas andaram ou não andaram.” Por fim, Giannazi atacou. “Eles estão com medo de fazer o enfrentamento político. Só porque estão bem avaliados nas pesquisas. Isso já mostra o caráter dessas candidaturas”, disse.

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