Entre os que se manifestaram contra os recursos revertidos no evento está o ex-diretor da extinta Agecopa, Carlos Brito, que questionou o valor da tarifa do VLT
KAMILA ARRUDA
Da Reportagem
Os candidatos a prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB) e Carlos Brito (PSD), criticaram os altos investimentos feitos nas obras de adequação para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014. Eles defendem investimentos em áreas como saúde e educação. As declarações foram dadas na assinatura de termo de compromisso ocorrida na sede do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia em Mato Grosso (Crea/MT). Na ocasião, participaram os demais candidatos a prefeito e vice da Capital.
Segundo o socialista, as mudanças que estão acontecendo em prol dos jogos do Mundial são necessárias, contudo há setores precários precisando de investimentos.
“É muito bom e necessário ter o VLT. Mas não podemos gastar R$ 1,5 bilhão no VLT em uma cidade que tem uma temperatura média de mais de 35°, e grande parte de suas linhas de ônibus não possui ar- condicionado e nenhuma parada para que as pessoas possam esperar se protegendo da chuva ou de sol. É muito bom você ter um estádio, mas também temos que nos preocupar que grande parte da população tem equipamentos públicos municipais precários. Construir um estádio de R$ 50 milhões e não ter praças nem opções de lazer para a população não resolve os problemas”, argumentou Mendes.
Para o empresário, o novo modal de transporte a ser implantado em Cuiabá e Várzea Grande “é apenas um elemento da cadeia da mobilidade urbana”.
“Ele, por si só, não resolve todos os problemas. A solução era integrar toda essa rede. O maior legado não é fazer uma grande Copa, e sim construir uma cidade melhor para atender os moradores daqui”, destaca.
Além disso, Mauro cita uma questão que até hoje gera polêmica. “Quanto vai custar a tarifa do VLT? Como você implanta um sistema de transporte gastando tudo isso de dinheiro e até agora não sabe quanto vai custar?”.
A dúvida também é levantada pelo candidato Carlos Brito. “Não tem mais o que se discutir a respeito do VLT. Já decidiu, está licitado e as obras já foram anunciadas. Mas acontece que faltam algumas perguntas que até agora não foram respondidas. Como vai ser operado o sistema? Como vai garantir a compensação econômica desse sistema? Os outros modais de transporte, como o ônibus, que têm um volume de passageiros maior nos horários de pico, vão estar viabilizados economicamente para atuar em conjunto com o novo modal? Vai haver uma câmara de compensação tarifária? Quem vai pagar por tudo isso: prefeitura ou governo? Vão começar as obras e diversas perguntas vão ficar sem respostas”.
Para ele, Cuiabá não precisa “de obras faraônicas e caras”. "Temos que preparar saúde, educação, esporte e cultura. Nós precisamos chegar aos bairros com uma estrutura simples, funcional, que necessariamente não precisa ser cara para que também a população mais humilde, mais distante do Centro, tenha oportunidade, estudo, esportes, lazer".
O social-democrata exerceu a função de diretor de Infraestrutura da extinta Agecopa e o VLT foi um dos motivos que o levou a deixar a diretoria.
Outra reivindicação dos candidatos é referente à abstenção da prefeitura nos assuntos que dizem respeito à Copa do Mundo.
Ambos acreditam que o prefeito Chico Galindo (PTB) deveria ter participado das discussões em torno do assunto, uma vez que a Capital será a sede dos jogos, independentemente das obras estarem sendo comandadas pelo governo do Estado.
“A prefeitura ficou muito fora da discussão sobre a Copa. Até parece que a Copa não vai ser aqui em Cuiabá”, analisa Mauro.