DIÓGENES CAMPANHA
DE SÃO PAULO
O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, acusou ontem a administração de Gilberto Kassab (PSD) de não ter utilizado recursos federais para construir e cobrir quadras esportivas em escolas públicas.
A declaração foi dada em evento promovido pela Rede Nossa São Paulo, pelo Instituto Ethos e pela ONG Atletas pela Cidadania sobre o legado da Copa-2014 e da Olimpíada-2016 para a cidade.
"A presidenta Dilma incluiu no PAC 2 a construção e cobertura de quadras, e a Prefeitura não se habilitou para receber os recursos, como ocorreu no caso das creches", disse Haddad.
Na campanha, ele vem acusando a prefeitura de não ter acionado um convênio do governo federal pelo qual 172 creches poderiam ser construídas na cidade.
O ex-secretário municipal da Educação Alexandre Schneider (PSD), que concorre a vice na chapa de José Serra (PSDB), já afirmou ter que a burocracia do Ministério da Educação impediu o acesso aos recursos.
Campanha
Serra não foi ao evento de ontem, que reuniu Haddad, Gabriel Chalita (PMDB), Soninha (PPS), Carlos Giannazi (PSOL), José Maria Eymael (PSDC), Miguel Manso (PPL) e Ana Luiza (PSTU). Os candidatos assinaram compromissos de que vão estimular o acesso da população ao esporte e promover a transparência nos investimentos públicos para os grandes eventos.
O tucano foi convidado para o evento, mas, segundo Oded Grajew, coordenador da Rede Nossa São Paulo, a coordenação de sua campanha perguntou se poderia enviar Schneider como representante. A organização respondeu que isso era possível, mas ele deveria levar as cartas-compromisso assinadas por Serra e só poderia falar por três minutos – os cabeças de chapa falaram por oito minutos cada um. Schneider não foi.
Questionado pela Folha sobre as declarações de Haddad, Schneider defendeu sua administração na pasta e atacou o petista.
"Até sete anos atrás, crianças de 6 a 11 anos não tinham educação física. A nossa gestão colocou essa matéria em todo o ensino fundamental", afirmou.
Segundo a Secretaria da Educação, as 537 escolas municipais de ensino fundamental da cidade têm quadras, 507 delas cobertas.
"Não teria como pegar dinheiro se as quadras existem. Haddad tem que parar de culpar a prefeitura pelo que ele não fez", disse Schneider.
O tema das quadras nas escolas foi lançado no seminário de ontem pelo candidato do PSOL, Carlos Giannazi.
Ele afirmou que muitas escolas públicas não contam espaços para a as aulas de educação física, e citou dois exemplos, da rede estadual de ensino, na zona sul de São Paulo.
"Desafio os candidatos que são da base de sustentação do Kassab, do Alckmin e da Dilma a pressionar o prefeito, o governador e a presidente para que, antes do início das grandes obras para a Copa, possam ser feitas essas quadras", declarou. Para ele, será "contraditório e vergonhoso" investir "nosso dinheiro público" em estádios enquanto houver escolas sem quadras.
A fala foi endereçada a Haddad, Gabriel Chalita (PMDB) e Soninha Francine (PPS). O PMDB integra a base aliada de Dilma e de Alckmin e comandava duas secretarias na administração Kassab antes de decidir lançar a candidatura de Chalita. Nos últimos quatro anos, Soninha ocupou cargos na prefeitura e no governo do Estado.
Em entrevista no final do evento, Haddad atribuiu o "desafio" de Giannazi a "um desconhecimento" sobre os programas do PAC.
