ADRIANA FERRAZ
DIEGO ZANCHETTA
Vereadores de São Paulo lotaram o plenário da Câmara Municipal ontem, na volta do recesso. Um mês após o JT revelar que funcionários da Mesa Diretora assinalavam nomes de parlamentares ausentes no painel eletrônico, 51 dos 55 vereadores participaram da sessão ordinária.
No primeiro dia de funcionamento do novo modelo de marcação de presença e de voto, porém, o sistema de biometria – responsável pela leitura das digitais – apresentou falhas. Sem a “ajuda” dos servidores, cerca de 25% deles tiveram de pedir presença no microfone.
A movimentação no plenário teve início antes mesmo da abertura da sessão. Treze vereadores já aguardavam, às 14h55, sinal verde para assinalar seus nomes. O primeiro a marcar foi Gilberto Natalini (PV), que elogiou a mudança. “Dá mais transparência.”
Com o fim da senha pessoal, alguns parlamentares tiveram dificuldade para usar o sistema de biometria. “Precisei pôr mais de um dedo para fazer funcionar”, disse José Américo (PT). Outros tiveram de apelar à Mesa, solicitando a marcação pelo microfone. Às 15h07, dez faziam fila para registrar o pedido. Apesar das queixas, a Câmara disse que o sistema funciona e falhas são comuns.
Não foi a única alteração. Ontem eles já não puderam mais marcar presença em um terminal ao lado de seu elevador exclusivo. O aparelho foi retirado depois de o JT mostrar que parte dos vereadores, mesmo sem pisar no plenário, usava o artifício para evitar desconto de R$ 465 na folha.
A terceira mudança envolve diretamente o grupo de funcionários que fraudava o painel. Portaria publicada ontem no Diário Oficial da Cidade reduziu a participação do assessor parlamentar José Luiz dos Santos, conhecido como Zé Careca, e de outros dois funcionários do Centro de Tecnologia da Informação (CTI). Durante as sessões, eles foram substituídos pela Mesa Diretora, que investiga as fraudes. Em junho, a reportagem flagrou 17 dos 55 parlamentares cometendo irregularidades.
Agora, o painel será comandado não apenas pelo CTI, mas também pela Secretaria Geral Parlamentar e pelo Centro de Comunicação Institucional (CCI). Ontem, nenhum funcionário quis falar das mudanças. Procurado, Zé Careca também se negou a falar.
Pelo menos na sessão ordinária, o novo sistema manteve em plenário boa parte dos vereadores. Juliana Cardoso (PT), Antonio Carlos Rodrigues (PR) e Edir Sales (PSD), por exemplo, ficaram do início ao fim da sessão. Já na extraordinária, as cadeiras voltaram a se esvaziar. Na abertura, o placar mostrava 38 presentes.
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