RENAN TRUFFI
Direto de São Paulo
Os candidatos à prefeitura de São Paulo assinaram nesta quarta-feira um pacto em que se comprometem, se eleitos, a fazer investimentos sociais como parte do legado de megaeventos esportivos que serão sediados no Brasil, referindo-se à Copa do Mundo em 2014 e às Olimpíadas, em 2016. No entanto, alguns dos principais concorrentes ao cargo já admitem que o vencedor das eleições municipais na capital paulista não conseguirá fazer todas as mudanças necessárias para São Paulo receber o evento.
"Temos que nos comprometer a deixar legado de infraestrutura, inclusive de internet, sinalização da cidade, que está tudo por ser feito. A cidade não está preparada do ponto de vista da hospitalidade. Nós não temos formação adequada de pessoas, como taxistas. É muito pouco tempo para as providências que precisam ser tomadas", afirmou o candidato do PT, Fernando Haddad.
O concorrente do PMDB ao cargo, Gabriel Chalita, também criticou o atual prefeito da cidade, Gilberto Kassab (PSD), porque, segundo ele, algumas obras e adequações já deveriam ter sido iniciadas neste ano.
"Vamos perder grandes oportunidades. Dei o exemplo de Joanesburgo (maior cidade da África do Sul), em que a Copa mudou a cara da cidade. Nós temos mais dinheiro do que eles. A gente poderia ter feito uma mudança conceitual na cidade. Esses estrangeiros que vão chegar não vão ter trem, nem metrô. Não vão ter pessoas que falam inglês. Na área pública, temos uma gestão capenga hoje. É muito lenta. Para tudo (que precisa ser feito) não (dá tempo). Não dá para enterrar fio, ampliar calçada. Não dá tempo. Mas, é uma pena que estejamos desperdiçando isso, sendo que R$ 8 bilhões estão parados no caixa da prefeitura (de São Paulo)", criticou o peemedebista.
Serra e Russomanno
Além de um pacto sobre o legado da Copa, Haddad, Chalita, Soninha Francine (PPS), Carlos Giannazi (PSOL), Miguel Manso (PPL), José Maria Eymael (PSDC) e Ana Luiza (PSTU) assinaram também o compromisso de cumprir metas de transparência e de sustentabilidade. Eles foram convidados pela ONG Rede Nossa São Paulo, responsável pelo ato que reuniu os concorrentes, em parceria com o Instituto Ethos e a ONG Atletas da Cidadania. Os outros quatro candidatos, José Serra (PSDB), Celso Russomanno (PRB), Anaí Caproni (PCO) e Levi Fidelix (PRTB), também foram chamados, mas não compareceram.
A falta dos dois candidatos mais bem avaliados nas pesquisas, Serra e Russomanno, gerou críticas por parte de líderes dos movimentos que apoiaram a assinatura do pacto. "Queria agradecer também aos candidatos que faltaram e que demonstram não ter tanto interesse quanto deveriam", ironizou Luciano Santos, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.
Enquanto Miguel Manso, candidato do PPL, falava ao público presente sobre a importância, por exemplo, dos três pactos, o vice de Serra, Alexandre Schneider (PSD), tuitava em seu microblog. "Vai para a festa junina pai? Filho de quatro anos hoje cedo ao me ver com minha camisa xadrez nova", escreveu.
Segundo o coordenador da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo, Oded Grajew, a equipe de campanha de Serra avisou que o candidato não poderia ir ao evento, mas afirmou que mandaria um integrante da coordenação para representá-lo. "Estamos esperando, mas por enquanto…", resumiu Grajew.