Habitação: especialistas defendem a descentralização da cidade

Fonte: Portal da Câmara Municipal de São Paulo

Urbanistas e arquitetos defenderam nesta sexta-feira (14/9) a necessidade urgente de descentralização da cidade de São Paulo. Os especialistas, que participaram do 4º módulo do ciclo de debates “Pensando São Paulo”, promovido pela Escola do Parlamento, acreditam que é fundamental que as pessoas morem próximas ao trabalho e tenham direito à saúde, lazer, cultura, educação e segurança.

Os quatro especialistas, que discutiram o tema “Habitação – Revitalização do Centro”, ainda falaram sobre a necessidade de se pensar em políticas públicas para a construção de moradias de interesse social e da necessidade do poder público interferir para que o mercado não regulamente os valores dos imóveis.

Para o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, Valter Caldana, é fundamental refletir sobre o município que se quer para os próximos anos. “Precisamos redesenhar a cidade, e não apenas o centro. Devemos pensar em um modelo mais compacto, descentralizado e mais barato, para que as pessoas possam viver. Se decisões corajosas não forem tomadas neste momento, teremos uma fraca, apesar de grande cidade”, analisou.

O urbanista Kazuo Nakamo, do Instituto Polis, apresentou dados sobre o repovoamento do Centro da capital paulista. “Nas décadas de 80 e 90 percebemos que as pessoas saíram das regiões centrais, diferentemente do que vemos agora. Tivemos uma redução de 50% no número de domicílios vagos no Centro. Esses movimentos estão diretamente ligados com o momento econômico do país, como as pessoas estão com maior poder aquisitivo, elas acabam morando em locais melhores”, apontou.

No entanto, Nakamo alertou para a questão da disputa territorial. “Não temos políticas públicas habitacionais para oferecer moradias populares nessas regiões. Essa questão deve ser pensada urgentemente, para não deixarmos que a lógica do mercado faça isso e estabeleça que apenas pessoas com alta renda possam viver nas regiões centrais”, disse.

Segundo a urbanista e relatora internacional do Direito à Moradia da ONU (Organização das Nações Unidas) Raquel Rolnik, é necessário chamar a atenção do poder público para a questão da especulação imobiliária e investir em moradias de interesse social.

“Todos têm o direito à moradia adequada, independentemente da renda, da raça, da cor ou religião. Por isso, o governo deve considerar a questão dos alugueis subsidiados e também pensar em reforma ou revitalização de espaços que podem servir para habitação”, destacou. A urbanista criticou o fato de o poder público não conseguir “sequer utilizar seu estoque de terra para promover moradia de interesse social”.

Representando o Executivo, a secretária adjunta da Habitação, Elisabete França, apresentou os planos desenvolvidos pela Prefeitura para oferecer moradia digna à população e também falou sobre a importância de investimentos para a construção de habitações de interesse social. “É fundamental que as próximas gestões reservem parte do recurso das Operações Urbanística para fazer moradias populares”, afirmou.

Pensando São Paulo
 
O objetivo do evento, com nove encontros, é discutir soluções para os principais problemas da capital paulista. O ciclo de debates é gratuito e quem quiser participar das discussões no Plenário da Câmara poderá se inscrever no link Eventos e Cursos. Para mais informações, envie e-mail para escoladoparlamento@camara.sp.gov.br.
 
Os debates, que ao final resultarão em um livro que será entregue ao próximo prefeito, também são transmitidos pela internet através do link Auditórios Online.
 
Veja a programação dos próximos encontros:
 
17/09/2012
Saúde, Segurança e Assistência Social – Drogadição
Local: Plenário 1º de Maio
Horário: 14h às 17h
 
21/09/2012
São Paulo, Cidade Global – Cultura, turismo, grandes eventos, investimentos e atuação internacional
Local: Plenário 1º de Maio
Horário: 14h às 17h
 
24/09/2012
Educação – Indicadores de alfabetização
Local: Plenário 1º de Maio
Horário: 14h às 17h

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