Grajew, Vechiato e Falque participaram do lançamento da Rede Nossa Mogi, assim como Paz, Muniz, Berti e Soares, na OAB
Quatro dos seis candidatos a prefeito da Cidade assinaram a carta compromisso com o Programa Cidades Sustentáveis durante o lançamento da Rede Nossa Mogi das Cruzes, ontem à tarde, na sede da 17ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Com isso, assumiram publicamente que, no caso de eleitos, apresentarão um diagnóstico e um plano de metas para buscar o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Município. Candidato à reeleição e na frente das pesquisas de opinião, o atual prefeito Marco Bertaiolli (PSD) não assinou o documento, mas prometeu analisar a proposta e a dar uma resposta sobre a sua adesão ou não até o final deste mês. O concorrente do PSTU, Edgar Passos, não se manifestou.
Inspirada na Rede Nossa São Paulo, que nos últimos anos se tornou um dos principais termômetros para a população avaliar os políticos da Capital, a Rede Nossa Mogi é uma iniciativa da sociedade civil organizada e é pautada por três eixos principais: participação, fiscalização e plano de metas. Bases que estão presentes no Programa Cidades Sustentáveis, adotado por mais de 50 cidades brasileiras.
A adesão ao programa significa que o candidato, se eleito prefeito, deverá apresentar até 90 dias após a posse, um diagnóstico da condição em que assumirá a Cidade, com base em pelo menos 100 indicadores, e o plano de metas para os quatro anos de governo. Esse planejamento deverá contemplar os 12 eixos da Plataforma Cidades Sustentáveis: Governança, Bens Naturais Comuns; Equidade, Justiça Social e Cultura de Paz; Gestão Local para a Sustentabilidade; Planejamento e Desenho Urbano; Cultura e Sustentabilidade; Educação para a Sustentabilidade; Economia Local, Dinâmica e Sustentável; Consumo Responsável e Opções de Estilo de Vida; Melhor Mobilidade, Menos Tráfego; Ação Local para a Saúde; e Do Local para o Global.
Eixos esses que, segundo o coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo e do Programa Cidades Sustentáveis, Oded Grajew, devem constar na Lei Orgânica do Município, assim como a obrigatoriedade do plano de metas pelo prefeito. Mas enquanto isso não acontece, a Rede Nossa Mogi das Cruzes nasce com o propósito de conquistar a adesão espontânea dos prefeituráveis.
Com discursos e razões bastante diferenciadas, Marco Soares (PT), Mario Berti (PCB), Fernando Muniz (PPS) e Jorge Paz (Psol) já se manifestaram a favor da iniciativa. Bertaiolli, que não compareceu na OAB sob a alegação de que o evento aconteceu no horário do expediente da Prefeitura, no final da tarde recebeu os responsáveis pela Rede Nossa Mogi no seu gabinete no Executivo e, segundo consta, após uma hora de conversa com o empresário Grajew, e com os integrantes do movimento mogiano, Mário Sérgio de Moraes e Orlando Pozzani, demonstrou-se propenso a também aderir ao programa. No entanto, evitou qualquer comprometimento dentro do paço municipal. Prometeu, de acordo com a sua assessoria, a analisar a proposta e a dar uma resposta oficial até o final deste mês.
Além do programa Cidades Sustentáveis, Bertaiolli irá avaliar também as propostas do Pacto pela Transparência Municipal e o Programa Cidades do Esporte, iniciativas voltadas para as cidades que serão sede ou subsede da Copa do Mundo de 2014. Esses outros dois documentos já foram assinados pelos concorrentes do atual prefeito durante o evento na OAB que contou com as representantes do Instituto Ethos, Angélica Rocha, e do Atletas pela Cidadania, Daniela Castro. Os convidados que integraram a mesa oficial do lançamento da Rede Mogi receberam, como lembrança, publicações oficiais da Imprensa local, como o livro Entrevistas de Domingo, editado por O Diário.
Ao justificar seu compromisso com um plano de metas, o candidato Marco Soares repetiu o discurso de que Mogi é uma cidade enferma e que, pelo fato de estar sob uma maquiagem, se apresenta na verdade como uma “cidade de fantasia”. “Para que o sonho de um futuro melhor se concretize é preciso partir da premissa de um diagnóstico. Por isso, sou um intransigente defensor do plano de metas”, argumentou.
Fernando Muniz evitou a conotação de confronto com a atual administração ao dar as suas explicações para apoiar o Cidades Sustentáveis. “Não quero transformar isso em palanque eleitoral porque o meu compromisso é com a Cidade, tanto que depois da eleição e independentemente dos resultados, quero contribuir na Rede como cidadão”, disse o bacharel em Direito, que encerrou os seus três minutos de discurso com uma frase atribuída por ele a Tom Zé: “Sei que a gente não pode mudar o começo mas, se quiser, pode mudar o futuro”.
Foi a deixa necessária para que o comunista Mário Berti, em traje esporte e o próximo a usar o microfone, avisasse que também se valeria de uma frase, essa atribuída a Eça de Queiroz: “As fraldas e os políticos devem ser mudados frequentemente pela mesma razão. Enchem de merda”. “Sou de uma ONG que vem de oito anos de luta contra a implantação de um lixão em Mogi. Isso é lutar por uma cidade sustentável”, frisou o candidato, que foi ovacionado pelo público presente, em especial, os estudantes da Escola Técnica Presidente Vargas. Isso depois de novamente chamar os vereadores de vagabundos. “Isso não é uma cidade sustentável. O primeiro item do programa é a governança e eles não contribuem em nada para isso”.
Sob um grande falatório que tomou conta do auditório da OAB depois das declarações de Berti,o professor Jorge Paz assinou os compromissos com a Rede Nossa Mogi e leu o discurso que fez para o evento em disparada a fim de conseguir chegar ao final do texto dentro dos três minutos a que tinha direito. Não conseguiu, mas frisou que o seu compromisso é por uma ampla participação popular no governo. (Mara Flôres)