“Para 41%, cidade já não é um bom lugar para se viver” – Metro

Porcentagem de moradores que avalia qualidade de vida em São Paulo como ótima ou boa cai de 67%, em 2007, para 59%, neste ano
Para 80%, trânsito é ruim ou péssimo

Embora ainda sejam maioria, o número de paulistanos que considera São Paulo uma cidade boa para morar está caindo. Segundo pesquisa sobre Mobilidade Urbana divulgada ontem pela Rede Nossa São Paulo, 59% avaliam a qualidade de vida na cidade como boa ou ótima. Em 2007, primeiro ano do levantamento, eram 67%.

De acordo com o levantamento, a saúde é o principal problema da metrópole. A seguir aparecem segurança, educação e trânsito (veja quadro). “Se os governantes elegessem como prioridade melhorar esses pontos, apontados nas pesquisas anteriores, poderíamos ter começado a reverter esse quadro”, diz o coordenador executivo da Nossa São Paulo, Maurício Broinizi.

A insatisfação com o trânsito aumentou bastante. No ano passado, era considerado péssimo por 37%. Agora, o índice subiu para 52%. Na classificação ruim, a oscilação no mesmo período foi de 22% para 28%. Talvez isso explique porque 65% dos paulistanos que utilizam carro todos os dias ou quase disseram que deixariam o veículo em casa se houvesse uma boa alternativa de transporte.

O presidente do Sindicato do Arquitetos e Urbanistas do Estado, Daniel Amor, diz que falta de planejamento à cidade. “São Paulo está abandonada. O plano diretor, que deveria ditar como a cidade deve crescer, não foi aplicado.”

Ônibus é sujo, cheio e demorado

O serviço público de ônibus oferecido na cidade piorou. Dos 10 itens pesquisados pela Rede Nossa São Paulo, 9 registraram queda nos índices de satisfação.

Em uma escala de 1 a 10, a limpeza e conservação dos coletivos teve nota 3. Em 2009, o item recebeu nota 7. Com relação à pontualidade, a nota caiu de 4 para 2. Oito em cada 10 entrevistados defendem mais investimentos em transporte público, um aumento de 9 pontos percentuais em relação a 2011.

Paulistano fica mais de 2 horas por dia no trânsito

Não importa o meio de transporte, individual ou coletivo, o paulistano gasta, em média, 2 horas e 23 minutos todos os dias em seus deslocamentos pela cidade, de acordo com a Rede Nossa São Paulo.

Para chegar à atividade principal do dia – trabalho ou estudo – 1/3 dos moradores gasta, em média, pelo menos uma hora e meia.

Os mais afetados pela lentidão no trânsito são os moradores da zona sul. Na região, a média diária gasta no trânsito é de 1 hora e meia.

A publicitária Graziella Borsatti de Lucca, de 26 anos, moradora do Jardim Marajoara, na zona sul, gasta mais do que isso: 1 hora e 40 minutos para chegar ao trabalho na Vila Madalena, na zona oeste. Somado o tempo de todas as viagens do dia, são 2 horas e 40 minutos, em média, dentro do carro.

Ela tentou migrar para o trem, mas garante que perderia o mesmo tempo. “De carro, vou em segurança e com conforto. Tenho certeza que 50% do meu estresse está ligado ao trânsito.”

Apesar disso, medidas restritivas como pedágio urbano e aumento do rodízio não são aprovadas. No caso do pedágio urbano, apenas 17% são a favor. Já o aumento do rodízio é aceito por 37% dos entrevistados.

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