Por Patrícia Silva
A partir do segundo mandato do prefeito Gilberto Kassab, o bairro do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, ganhou ao menos duas importantes obras: um terminal de ônibus e a unidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Jardim Pirajussara. Contudo, moradores afirmam que as obras não atenderam aos interesses da população e que faltou “diálogo” com a administração pública.
Inaugurado em 2009, o terminal Campo Limpo custou R$ 38 milhões e foi o único a ser entregue pela prefeitura, de um total de nove prometidos no Plano de Metas. “Piorou, eles tiraram muitas linhas, como a que vai à Estação da Luz”, afirma a estudante de radiologia Aline Ramos, 25.
Antes do projeto, mais de 40 linhas seguiam para o centro expandido da cidade.
De acordo com a SPTrans, o projeto permitiu “reorganizar as linhas”. A empresa explica que a região central não comporta mais ônibus circulando ou fazendo ponto final no centro e que a medida visou, ainda, melhorar a mobilidade urbana, “com maior rapidez, conforto e aumento da velocidade”.
“O ônibus que pegávamos até Pinheiros agora tem de parar aqui. O trajeto não demorava nem uma hora, agora dá 1h30, até mais”, diz a assistente de pessoal Rosineide Lima, 42.
Os usuários também reclamam das longas filas de espera em horário de pico e da entrada e saída do terminal, que atrasam a viagem em até 30 minutos. “Mesmo pegando aqui, tem de esperar e muito para ir sentado. Acho que do jeito que estava antes era bom, só precisava de mais veículos”.
Aline acredita que o dinheiro empregado no terminal poderia ter sido utilizado em projetos prioritários ao bairro. “Eu investiria em outras coisas, como creches e escolas para as crianças.” Segundo a Rede Nossa São Paulo, o Campo Limpo tem o sexto pior índice do município em demanda atendida de creches, com o preenchimento de apenas 44,60% das 7.955 vagas procuradas em 2011. “Faltou conversa para saber o que a gente queria”, diz.
Na área da saúde, a inauguração da AMA Pirajussara, em 2008, ainda deixa a desejar. Há cerca de um mês, a operadora de caixa Rita de Cássia Araújo, 27, precisou recorrer à unidade, pois seu marido, o motorista Luzimarck de Lima, 31, estava com dor de ouvido.
“Eu cheguei lá às 18h40, mas não me atenderam”, afirma Rita. O local fecha às 19h. “Eles disseram que o médico atendia apenas seis pessoas por hora”. O casal teve de desembolsar R$ 120 em consulta particular e remédios. “Será que só tinha um médico lá? Nem a enfermeira poderia ter olhado o ouvido do meu marido?”, reclama.
Em março de 2012, durante 15 dias, o equipamento de raio-x também esteve “quebrado” e os pacientes foram direcionados para outras unidades. A Secretaria Municipal de Saúde informou que o aparelho apresentou problemas com o processador e ressaltou que, “quando necessário, os usuários foram transportados de ambulância para realizar o exame”. O órgão também diz que não há limites de atendimento até as 19h.
Desde abril de 2012, o complexo que abriga a AMA Pirajussara ganhou a Assistência Médica Ambulatorial Especialidade (AMAE). Com a recente ampliação, moradores admitem que o atendimento melhorou, contudo, se queixam do tempo de espera e cobram mais especialidades.
Patrícia Silva, 23, é correspondente do Campo Limpo.
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