Em momentos diferentes, e com a expressa recomendação de evitar ataques ao adversário, os candidatos à prefeitura da capital paulista participaram nesta segunda-feira de uma sabatina promovida pela Rede Nossa São Paulo. Durante cerca de uma hora, Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) responderam longamente a perguntas separadas por temas e apresentaram suas propostas. O primeiro, focando na parceria federal e fazendo críticas ao atual prefeito; o segundo, reforçando o papel do governo do Estado, defendendo feitos de suas gestões passadas e atacando o governo de Marta Suplicy (PT).
A proposta inicial da instituição era trazer os dois candidatos ao mesmo tempo, mas o evento só se tornou viável com uma apresentação individual de cada um, para evitar um debate antecipado. Apesar disso, o confronto indireto se delineou claramente: o petista atacava Serra com críticas à gestão atual, e o tucano desconstruía Haddad ao bater no governo Marta, sua antecessora direta.
Um exemplo do conflito velado foi no quesito governança da capital e subprefeituras. Em sua fala, Haddad ironizou a escolha dos 31 subprefeitos da atual gestão. "São 30 coronéis. Nada contra, mas quando todo mundo é da mesma corporação, é sinal de que tem alguma coisa errada com o processo de seleção", disse ele, prometendo romper com o modelo atual. Já Serra acusou a gestão anterior, do PT, de distribuir as subprefeituras para aliados. "Quando eu cheguei todas as subprefeituras estavam loteadas", retrucou, anunciando a contratação de consultorias para aumentar a eficiência.
Educação e cultura foi outro tema palco de confronto. "A primeira coisa é fazer valer o que foi pactuado: nós já temos metas de qualidade, só que elas não foram cumpridas. São Paulo foi uma das únicas capitais que não cumpriu as metas", alfinetou Haddad, sem mencionar o alvo: Alexandre Schneider, ex-secretário municipal de Educação e candidato a vice de Serra. Em sua resposta, o tucano afirmou que a Virada Cultural, criada em sua gestão na prefeitura, foi "a inovação mais espetacular" feita na cultura nos últimos tempos, e prometeu construir três museus e três Centros Culturais da Juventude.
Ao falar de saúde, Haddad aproveitou para esclarecer que não vai encerrar os convênios com as Organizações Sociais de Saúde (OSS), que administram parte do equipamento municipal. "Do meu ponto de vista, as parcerias com OSS são bem vindas. Você não vai achar uma entrevista minha nos ultimos dois meses em que eu falei isso", defendeu ele, referindo-se a uma propaganda do tucano que afirma o contrário. Serra bateu o pé: "quero dizer que sim tem posição partidária para acabar com a titularidade dessas instituições (OSS) em programas como o Saúde da Família".