Segundo os jovens, de 16 a 18 anos, a ideia veio depois da Lei Antifumo, que entrou em vigor em agosto de 2009. "Aumentou muito o número de bitucas jogadas nas calçadas da cidade e isso nos incomodava", diz Alan Melo, um dos três alunos da Escola Técnica Estadual Heliópolis.
O projeto foi desenvolvido no curso de Administração e ajudou os garotos a aprender conceitos de química para colocar a ideia em prática. Antes de formar a pasta de celulose, as bitucas são limpas em uma solução química que tira o odor do fumo. O experimento envolveu 200 gramas (cerca de 300 bitucas), que conseguiram produzir sete folhas de papel em tamanho A4.
"Usamos 50% de bituca e 50% de papel reciclado na produção, mas o processo pode ser feito apenas com as bitucas", afirma Vinicius de Souza, que também integra o projeto. Com as melhores notas da escola,ele ganhou uma bolsa do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, que mantém a escola, e passou o mês de setembro na cidade de Chicago, nos Estados Unidos, fazendo cursos na área.
O projeto foi apresentado na 6.ª Feira Tecnológica do Centro Paula de Souza, que acaba hoje, na Expo Barra Funda. Foram apresentados mais de 280 projetos de escolas técnicas do Estado.
Vinícius diz que o grupo tem a intenção de levar a ideia adiante. "O processo é artesanal, mas pode ser feito em escala maior se houver empresas interessadas", afirma.
Coordenadora do projeto, a professora Taís Bisbocci conta o próximo passo é fazer um registro na Biblioteca Nacional, no Rio. A esperança é de que o projeto seja apresentado na Feira Brasileira de Ciências (Febrace) da USP, o que poderia render convites para feiras internacionais.
As bitucas usadas pelos alunos de Heliópolis foram fornecidas pela empresa Bituca Verde, que busca soluções para o problema. Hoje, eles apresentam na Feira do Empreendedor, promovida pelo Sebare, em São Paulo, um projeto que pretende reutilizar as bitucas nas indústrias siderúrgica e cimenteira. "Já temos companhias interessadas",afirma o gerente comercial, Fabiano Russo. "É preciso buscar alternativas, pois não há uma legislação específica para este tipo de resíduo, cada vez mais comum nas ruas e calçadas."