Números preliminares divulgados pelo governo mostram redução de 27% em comparação ao ano anterior
Ministério comemora resultados, mas ONGs pedem atenção à tendência recente de retomada da degradação
DE SÃO PAULO
A taxa de desmatamento ilegal na Amazônia manteve a tendência de queda e registrou mais um recorde, chegando ao menor número desde que a série histórica foi iniciada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em 1988.
Entre agosto de 2011 e julho de 2012, foram derrubados 4.656 km² de floresta. Uma redução de 27% em relação ao período anterior, que teve 6.418 km² degradados.
Esses dados são estimativas do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), que computam o chamado corte raso, quando toda a cobertura florestal é removida. Os números consolidados saem em meados do ano que vem, mas a diferença não deve ser grande.
Ao anunciar os dados, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, comemorou os bons resultados.
"Ouso dizer que esta é a única boa notícia ambiental que o planeta teve neste ano do ponto de vista de mudanças do clima", afirmou ela.
Em números absolutos, o Pará mais uma vez foi o Estado que mais desmatou, com 1.699 km² de floresta destruída. Isso é mais do que o dobro do desmatamento no segundo colocado, o Mato Grosso, com 777 km².
Ambos os Estados, contudo, reduziram a quantidade de mata perdida em relação ao período anterior, em 44% e 31%, respectivamente.
Desta vez, apenas Acre, Amazonas e Tocantins não mostraram redução na perda de cobertura florestal.
De acordo com a ministra, ainda não foram identificadas todas as razões para o desmatamento nesses Estados, mas já há algumas questões definidas.
No Amazonas, o incremento na degradação estaria ligado à BR-317, perto do município de Apuí.
REPERCUSSÃO
De acordo com Heron Martins, pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), ONG que realiza medições independentes do desmatamento na Amazônia Legal, a queda já era esperada.
Ele diz que a queda recorde não pode ser atribuída a apenas um fator, e que houve iniciativas tanto estaduais quanto federais que deram bons resultados.
"A criação da lista do Ministério do Meio Ambiente com os municípios que mais desmatam teve um impacto muito positivo, porque gerou uma série de restrições para os municípios desmatadores", avalia.
Outras entidades ambientais, como o Greenpeace, também comemoraram a queda, mas pediram cautela.
REAQUECIMENTO
Números de um outro sistema de monitoramento, o Sad (Sistema de Alerta do Desmatamento), do Imazon, indicam uma tendência de reaquecimento do desmate na região amazônica.
Os dados são de agosto a outubro de 2012 -mais recentes do que os anunciados agora pelo governo- e mostram alta de 125% nas derrubadas em comparação ao mesmo período de 2011.
O Deter, outro sistema do Inpe, também indica uma tendência de alta.
"Mas ainda estamos no início do calendário de monitoramento, e existe a possibilidade de segurar isso", afirma Heron Martins.
A ministra Izabella Teixeira anunciou, junto com os dados do desmatamento, um incremento na fiscalização. Com o uso de uma nova aparelhagem eletrônica, os fiscais poderão demarcar as áreas em que houve derrubadas ilegais e, imediatamente, emitir o auto de infração.
O investimento total no projeto, que já está em fase de testes, foi de R$ 15 milhões. (GIULIANA MIRANDA)