COLABORAÇÃO PARA FOLHA
DE BRASÍLIA
O pró-reitor da Universidade Federal do ABC, Joel Pereira Felipe, diz que, com a lei de cotas, haverá mais gente precisando de recursos.
"Precisa, sim, de uma política de bolsas para que o aluno possa se manter na universidade sem ter que trabalhar. Atualmente, ele abandona as aulas para trabalhar, pagar o aluguel, manter a família etc."
Ele afirma que outras medidas são importantes, considerando a defasagem com que chegam do ensino médio.
"É importante criar reforços em disciplinas específicas e ampliar o atendimento conforme as necessidades surjam."
O presidente da Andifes (associação de reitores das federais), Carlos Maneschy, afirma que os recursos disponíveis para assistência estudantil são insuficientes para atender a atual demanda. "Eles teriam que ser aumentados e o governo tem consciência disso", disse ele, também reitor da UFPA.
O orçamento de 2013 prevê R$ 603,7 milhões para assistência estudantil –valor quase cinco vezes maior do que o desembolsado em 2008.
Para Frei Davi, da ONG Educafro, a iniciativa é positiva.
"Conheço muitas pessoas pobres que entraram na universidade e depois tiveram que sair", diz. "O maior problema [que o cotista enfrenta] é o transporte. Mas também já vi muitos alunos com fome."
Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, acredita que a bolsa não é suficiente para garantir a plena inserção do cotista na universidade. "Não pode ser só assistência econômica, tem que ser também social e psicológica. Na sala de aula, ele tem que ser tratado como um igual."
Ele destaca a importância do papel do tutor nessa tarefa –o MEC quer criar um programa de tutoria para auxiliar os cotistas; estuda conceder bolsa também para esses alunos. (AMANDA KAMANCHEK E FLÁVIA FOREQUE)