Janaina Garcia
Do UOL, em São Paulo
A 22 dias de concluir o mandato, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) ainda não cumpriu mais da metade das 223 metas estabelecidas para a gestão da cidade de São Paulo previstas para até o final deste mês.
Do total das medidas do plano assinado pelo prefeito há quatro anos, 125 não foram cumpridas, o que representa pouco mais de 56% do volume. Dessas, uma nem sequer começou a ser executada – o investimento de R$ 300 milhões no rodoanel, obra viária do governo do Estado.
No final de junho, no primeiro balanço divulgado pela prefeitura, haviam sido cumpridos 36,7% das 223 metas estabelecidas, com 81 ações cumpridas. À época, Kassab afirmou publicamente que queria cumprir ao menos 85% das metas.
De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento, 56 das 124 metas em andamento já possibilitam algum tipo de atendimento à população.
O plano de metas foi criado pela ONG (organização não governamental) Rede Nossa São Paulo, que conseguiu a adesão de outros 28 municípios brasileiros à iniciativa. A pioneira foi a capital paulista, cuja administração municipal a batizou de Agenda 2012 e a formalizou em site que ela mesma mantém.
O plano de metas é exigência da Lei Orgânica do Município, aprovada em 2008 com a pressão de entidades da sociedade civil – entre elas, a Rede Nossa São Paulo.
Plano é "pedagógico", avalia ONG
Para o coordenador do movimento, Oded Grajew, o programa é "pedagógico". "É uma forma de garantirmos campanhas políticas mais realistas, por exemplo, e também de o cidadão acompanhar o que está sendo feito", disse, para completar: "Só é uma pena que o prefeito tenha começado a acordar para a necessidade de levar a cabo essas metas passados mais de dois anos deste mandato. Se ele soubesse trabalhar com a ajuda da sociedade, era algo factível", opinou.
Já o coordenador da Secretaria Executiva da ONG, Maurício Broinizi Pereira, apontou a "dança das cadeiras nas subprefeituras" entre as causas do que ele chama de "baixa capacidade de execução" por parte da administração municipal.
"Além das mudanças constantes e da militarização nas subprefeituras, o prefeito ainda ficou dois anos montando o próprio partido [o PSD, criado em outubro de 2011] e tem um secretariado que tem pouca relação com a administração pública. O resultado foi que cumpriu uma série de metas mais simples, mas deixou em aberto as que têm mais impacto sobre a vida do cidadão", afirmou Pereira.
A Rede Nossa São Paulo lembrou que o prefeito eleito, Fernando Haddad (PT), se comprometeu, durante a campanha eleitoral, a assinar o plano de metas. O petista deverá revisar ou alterar metas não cumpridas pela atual gestão. A oficialização do futuro programa está marcada para o próximo dia 17.
A reportagem do UOL tentou ouvir a Prefeitura de São Paulo sobre o assunto em ao menos três oportunidades, desde a última quarta-feira (5). A tarefa de falar sobre o cumprimento do plano foi delegada pela administração ao secretário de Planejamento – pasta que coordena o programa.