PT aposta em boa gestão na cidade, de olho na eleição para o governo
Sergio Roxo
SÃO PAULO – Tentar minimizar problemas históricos da cidade, como trânsito caótico, enchentes e falta de vagas em creche, e transformar sua gestão em vitrine para que o PT conquiste o governo do estado em 2014. Esse é principal desafio do prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad, que toma posse terça-feira.
Para facilitar a missão, o PT deve contar, em sua terceira administração à frente do maior município do país, com incremento de verbas federais.
— Pela primeira vez a gente vai entrar na prefeitura tendo o governo federal se dispondo a ser parceiro da cidade — comemora Antonio Donato, futuro secretário de Governo.
Haddad decidiu que a primeira missão de seu secretariado será mapear onde poderá receber verbas federais e reforçar o orçamento de R$ 42,1 bilhões aprovado para 2013. Donato nega que haverá “privilégio” .
— O que existiu nos últimos oito anos foi uma falta de vontade política de buscar esses convênios.
A ajuda da presidente Dilma Rousseff também deverá vir no processo de renegociação da dívida paulistana com a União, hoje em R$ 52 bilhões.
— O bom desempenho do Haddad na prefeitura passa pela renegociação da dívida. É provável que o governo federal seja generoso nesse processo — avalia o cientista político Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getulio Vargas.
Teixeira diz que Haddad precisará dar respostas rápidas, já que foi eleito por prometer uma gestão mais eficiente do que a de Gilberto Kassab (PSD).
— O grande desafio é responder aos problemas emergenciais, como transporte público, saúde, creche e manutenção — diz Teixeira.
Oded Grajew, coordenador da Rede Nossa São Paulo, entidade que acompanha a administração da cidade, afirma que Haddad terá o desafio de reduzir as diferenças entre os distritos pobres e ricos.
Já Donato afirma que uma das principais promessas — o bilhete único mensal, que dará direito aos passageiros dos sistema de transporte fazerem quantas viagens quiserem durante um mês pela tarifa de R$ 140 — poderá sair do papel no segundo semestre.
Mas, para amenizar os congestionamentos, Haddad terá que fazer mais.
— Para melhorar o trânsito, tem que melhorar o transporte. O caminho é investir nos corredores de ônibus integrados com as redes de metrô e trem — avalia SergioEjzenberg, mestre em Engenharia de Transportes.
Para não ter problemas na Câmara Municipal, o PT apostou na montagem de um governo de composição ampla e que inclui até o PP, do deputado Paulo Maluf, seu adversário histórico em São Paulo.
Apesar de negar que a prioridade seja o governo em 2014, Donato admite que uma boa gestão ajudará nesse desafio.
— A gente não está se pautando pela eleição de 2014. Mas é evidente que boas gestões podem ajudar na avaliação dos eleitores.