A previsão é de que nos próximos três anos o volume de tratamento do rio chegue a 84% na Região Metropolitana
BRUNO DEIRO – O Estado de S.Paulo
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou ontem o empréstimo de R$ 1,35 bilhão para financiar a terceira fase do Projeto Tietê. A previsão é de que nos próximos três anos o volume de tratamento do Rio Tietê chegue a 84% na Região Metropolitana de São Paulo. O programa de despoluição, iniciado em 1992, consumiu US$ 1,6 bilhão (pouco mais de R$ 3 bi) nas duas etapas anteriores, segundo a Sabesp.
O valor anunciado pelo BNDES para esta etapa, que começou a ser implementada em 2009, servirá para cobrir o contrato da Sabesp com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além da ampliação do volume de tratamento dos dejetos despejados no rio, está previsto o aumento da cobertura dos serviços de coleta do esgoto – dos 84% atuais para 87%.
A meta do Projeto Tietê é de que o rio esteja completamente despoluído até 2020. Nas duas décadas desde a implementação do programa, o tratamento do esgoto que chega ao rio passou de 24% para 70%. Em outubro, o governo Geraldo Alckmin prometeu que até 2015 não haverá mais o tradicional mau cheiro e o rio abrigará o trânsito de barcos de turismo – citou, inclusive, a possibilidade de promover passeios como os existentes no Rio Sena, em Paris.
De acordo com o BNDES, a terceira etapa prevê a colocação de coletores e interceptores (420 quilômetros), redes coletoras (1.251 quilômetros) e 200 mil ligações domiciliares de esgoto. Além disso, o cronograma prevê a instalação de seis estações elevatórias de esgoto, responsáveis pelo bombeamento dos efluentes transportados nos coletores-tronco. Com isso, estima-se a criação de 19.840 empregos – 13.120 indiretos e 6.720 diretos.
As obras serão executadas em uma área que inclui 27 municípios da região metropolitana de São Paulo. Serão ampliadas três estações de tratamento de esgoto (ETEs) do Sistema Principal. Em Barueri, a vazão atual de 9,5 metros cúbicos por segundo (m³/s) passará a ser de 16 m³/s. Na estação Parque Novo Mundo, subirá de 2,5 m³/s para 4,5 m³/s, e no ABC, de 3 m³/s para 4 m³/s.
Avanços. Apesar dos avanços pouco perceptíveis na capital, onde a aparência e o odor do Tietê pouco se modificaram nas últimas décadas, há sinais de melhora em outros pontos da bacia. Segundo os responsáveis, um dos locais de maior evolução foi verificado na cidade de Barra Bonita. Localizado a cerca de 300 quilômetros de São Paulo, o município turístico conseguiu resgatar a vida aquática e retomou a atividade pesqueira em algumas partes do rio.
Na Região Metropolitana, os únicos municípios que têm 100% de coleta e tratamento de esgoto são Salesópolis, onde fica a nascente do Rio Tietê, e São Caetano do Sul. No total, 51 cidades da bacia estão nessa situação – a maioria fica em regiões próximas a Jaú e Araçatuba.