“Coleta seletiva atrasa e deixa lixo acumulado na rua” – O Estado de S.Paulo

Desde dezembro, quando parte da triagem parou de funcionar, material reciclável não tem sido recolhido com frequência

Artur Rodrigues, com colaboração de Daiene Cardoso

A coleta seletiva está atrasada há um mês em São Paulo. Durante as festas de fim de ano, parte das centrais de triagem parou de funcionar. Com isso, provocou um efeito cascata: as cooperativas que trabalharam ficaram lotadas. Em plena época de chuvas, o material reciclável separado pela população acabou se acumulando nas calçadas, algumas vezes, até se juntando ao lixo comum. A primeira medida do prefeito Fernando Haddad (PT) foi justamente com relação ao lixo, para evitar cheias.

Segundo a concessionária Ecourbis Ambiental, que faz a coleta nas regiões sul e leste, o problema só vai ser normalizado depois que centrais de triagem voltarem a funcionar com plena capacidade. Até agora, segundo a empresa, há centrais paradas.

Quando os caminhões não conseguem descarregar os materiais em uma central de triagem, são obrigados a procurar outras que estejam funcionando. Com isso, os horários de recolhimento não são respeitados.

A dona de casa Wilma Santaguita, de 68 anos, moradora da Vila Mariana, zona sul, conta que o lixo reciclável das festas de fim de ano acabou ficando na rua. "A gente separa um monte de coisas e fica na rua. Acabou sendo levado junto com o lixo orgânico", diz ela.

A concessionária Logística Ambiental de São Paulo (Loga), que faz a coleta nas zonas oeste, central e norte, informou que teve o mesmo problema com as cooperativas. "Para resolver, tivemos de mudar a rota do caminhão, causando alterações no horário", disse o diretor presidente da empresa, Ricardo Carpinetti Filho. Para ele, o problema só será resolvido quando o número de centrais de triagens cadastradas for aumentado. Atualmente, há 21 centrais cadastradas. A reportagem conversou com representantes das cooperativas, que afirmaram trabalhar no limite.

Situação

A Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), ligada à Prefeitura, afirma que a capacidade de absorção de materiais pelas cooperativas depende também dos compradores – no fim do ano, algumas dessas empresas entram em férias coletivas. "Como alternativa às centrais sem condições de receber os recicláveis, as concessionárias responsáveis pela coleta têm a determinação de levar o material a 44 núcleos de reciclagem, evitando a descontinuidade do serviço de coleta", afirma a Amlurb em nota.

Na cidade, só 1,2% do lixo coletado vai parar nas centrais de triagem. O bairro com melhor índice é a Vila Mariana, que recicla 4,95%. Como a população separa mal o lixo, apenas 6,3% do material coletado é passível de reciclagem.

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