Segundo CEO do Ibope, empresa que fez a pesquisa e parceria com a Rede Nossa São Paulo, a grande maioria dos indicadores piorou na comparação com os anos anteriores
iG São Paulo
A qualidade de vida na cidade de São Paulo piorou na percepção dos paulistanos. De acordo com pesquisa da Rede Nossa São Paulo, os moradores da cidade atribuem nota média de 4,7 para a qualidade de vida na cidade – numa escala de 1 a 10 e onde o ponto médio é 5.5. "É o menor indicador que tivemos desde o início da avaliação", afirmou Márcia Cavallari, CEO do Ibope, durante a apresentação da pesquisa nesta manhã.
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Segundo ela, a grande maioria dos indicadores piorou na comparação com os anos anteriores. "Dos 169 itens pesquisados, temos hoje 82% avaliados com média inferior a 5.5", relatou Marcia, antes de complementar: "Acima [de 5.5], ficaram 17% dos itens". No ano passado, os itens que receberam nota acima da média representavam 22%.
Na pesquisa, feita com 1.512 moradores entre 24 de novembro e 8 de dezembro, 56% das pessoas disseram que sairiam da cidade caso tivessem chance de viver em outro lugar. Entre os entrevistados, 58% nasceram na cidade, e dos 42% que não nasceram, 82% moram há mais de dez anos em São Paulo. A pesquisa mostra ainda que sete entre dez paulistanos usam ônibus todos os dias e o tempo médio de espera no ponto é de 21 minutos.
Para Oded Grajew, coordenador geral da Rede Nossa São Paulo, os números indicam que há muita coisa errada na cidade. "Quando 170 mil crianças estão sem creche na cidade mais rica do País, a gente percebe que algo está errado. Quando a diferença dos indicadores entre as regiões mais ricas e mais pobres chega a dezenas, centenas e milhares de vezes, a gente percebe que algo está errado. Quando apenas 1% do lixo da cidade é reciclado, quando haveria oportunidade de trabalho para a população na reciclagem, a gente percebe que algo está errado. Quando temos dois grandes rios passando pela cidade de São Paulo que hoje são esgotos a céu aberto, algo está errado. Quando 91% da população se sente insegura, algo deve estar errado. Quando nos postos de saúde as pessoas esperam dois meses para serem atendidas por um médico, e tantos morrem no meio do caminho, algo está errado. A cidade quer mudança", afirmou.
Após o pronunciamento de Grajew, o prefeito Fernando Haddad (PT) disse que, para fazer de São Paulo um lugar melhor para se viver, primeiro, é preciso ter consciência dos problemas que se enfrenta no município. Ele ressaltou a importância de a sociedade civil estar mobilizada em favor da cidade e a necessidade de se buscar várias estratégias para conseguir recursos.
Haddad agradeceu à iniciativa da Rede Nossa São Paulo e se prontificou a participar sempre de eventos como o lançamento das pesquisas, que acontecem sempre na semana anterior ao aniversário da cidade. "Vamos fazer disso aqui um ambiente privilegiado, de debate de alto nível, para que as coisas possam acontecer", declarou. Finalizando, ele avaliou que São paulo tem "inteligência suficiente" para resolver os problemas que atualmente enfrenta.
"Nossa proposta é antes de mais nada que inauguremos uma era de transparência, democracia participativa e desenvolvimento sustentável", afirmou Maurício Broinizi, coordenador da Secretaria Executiva da Rede Nossa São Paulo, ao apresentar o documento.
Durante o evento, o prefeito recebeu um conjunto de propostas para o Plano de Metas que seu governo terá de apresentar em até 90 dias após a posse. As sugestões foram preparadas pelos grupos de trabalho (GTs) Orçamento, Educação, Meio Ambiente, Democracia Participativa, Juventude, Mobilidade Urbana, Regionalização e Saúde, que integram a Rede Nossa São Paulo.
* Com Agência Brasil